você está lendo Vértices de um amor, Cap III

( Capítulo I / Capítulo II )

Não demorou muito para que o carro estacionasse em frente a um imenso portão; finalmente havíamos chegado. O sítio tinha um ar de anos oitenta, e como estávamos na primavera, flores em todos os galhos. Enquanto preocurávamos uma vaga para o carro, observei de longe grandes montanhas com dezenas de cabanas no topo. Logo após cumprimentarmos um milhão de caras quase carecas, fomos em direção a uma delas.

– Dormiremos por aqui hoje. – Disse Matt sorrindo e largando as minhas malas no centro da cabana.

O lugar embora não tivesse conforto algum era incrívelmente agradável. Enquanto eu tirava algumas coisas da mala e organizava outras, Matt acompanhou seus pais até o carro para trazer o resto das coisas. Sua mãe era ainda mais exagerada que eu. Fazia tempo que não saia com a família Hans, eu realmente senti falta de tudo isso.
No começo do ano interior, quando Matt ganhou uma bolsa para um curso de arte-cênicas na Inglaterra, eu me senti absolutamente sozinha. Foi justamente por isso que me tornei dependente do amor do Phelipe. Enquanto eu olhava para a paisagem e pensava em um milhão de coisas Matt voltou.

– Como você está Dan?
– Melhor, bem melhor. Eu realmente não sei o que seria de mim sem… Ele me interrompeu colando o dedo na minha boca e fazendo um “shhhh” baixinho.- Estamos aqui para nos divertir, olha o que eu trouxe. – Matt abriu a mochila e mostrou uma garrafa de bebida que havia roubado do bar de sua casa na noite anterior.
– Nós vamos…. Beber? – Não que eu nunca tivesse feito isso, mas receber um convite do meu melhor amigo-certinho parecia inapropriado. As coisas realmente mudaram.
– Vamos… Claro, se você quiser. – Como eu não havia pensado naquilo antes? Tudo que eu precisava era um pouco de Álcool para esquecer dos meus problemas.
– Se eu ficar mal você cuida de mim? Perguntei com a mesma cara do gatinho do Sherek.
– Como sempre!

Um gole, duas risadas, dois goles, cinco risadas.
Naquela noite nós iríamos far far far way.

A noite chegou e lá estávamos eu e Matt falando coisas sem sentindo no alto de uma montanha no fim do mundo.

– Ei Matt, acho que eu preciso ir ao banheiro.
– Com tanto mato por aqui? – Disse ele pra me provocar.
– Matttttttttttt!
– Ok senhorita, vamos lá em baixo então!

Enquanto descíamos o montanha, notei que entre as dezenas de carros havia uma caminhonete vermelha conhecida. Como eu já não estava raciocinando direito, não consegui assimilar uma coisa a outra. Mas, quando cheguei até a sala onde estavam todas as outras pessoas lembrei perfeitamente de quem era aquela caminhonete.  

– Phelipe? – Se eu não estivesse bebada provavelmente não o faria olhar pra mim, mas acredite, ninguém segura uma garota triste e bêbada.

– Oi Danoni, você por aqui? – Disse ele com a maior naturalidade do mundo.

Percebi que naquela momento Matt e Phelipe se encaram.

Escutei uma voz irritante que vinha bem de trás de mim. Eu reconheceria aquela timbre em qualquer lugar do mundo.

– Phe Phe achei o meu celular, caiu atrás do banco do carro quando… Eps.

Minha vontade de fazer xixi se transformou em vontade de vômitar, mas para ambas vontades eu ainda precisava ir ao banheiro.

– Vamos Matt?

No banheiro lavei meu rosto e fiquei cinco minutos encostada na porta tentando planejar um plano para não transformar aquela noite no novo pior dia da minha vida.

– Dan, você ta bem? – Matt estava preocupado.

Abri a porta, segurei a mão de Matt e disse:

– De volta para a montanha senhor músculo de ferro? Dessa vez no colo. Eu realmente não conseguirei subir aquela montanha de novo. – Principalmente com aqueles dois obstáculos bem ali na sala,

Ele me pegou no colo – sem esforço algum – e passou diante de todos os convidados, especialmente dois idiotas.

– Olha Dan, eu realmente não quero atrapalhar sua vida… – Aquela era a minha hora de fazer “shhhh”.

Após chegarmos na cabana, voltamos a beber.

– Escutou a música que te mandei outro dia?
– Ohh Matt, acredita que não consegui?
– Tudo bem, eu tenho ela no meu Ipod.
– Ótimo – respondi enquanto virava mais um gole de Wisky.

Eu nunca fui boa em inglês, mas o ritmo daquela música realmente era lindo.

Ele se aproximou sorrindo e dizendo:

– Acho que exageramos.
– Exagerar na doze de felicidade nunca é demais – Eu e minhas frases prontas idiotas.

Enquanto eu falava coisas sem sentido, ele segurou minhas mãos e olhou para mim como se não estivesse escutando alguma palavra sequer, apenas observando o abrir e fechar da minha boca.

– Ei Matt, presta atenção em mim. – Reclamei.
– Foi isso que eu fiz durante dezesseis anos.

Essas palavras entraram pelo meu ouvido e chegaram até o meu coração, bagunçando todas as minhas certezas e fazendo com que eu sentisse uma estranha vontade de beijar aquela cara. Ops, o meu melhor amigo. Era uma sensação estranha, como se o meu cérebro estivesse lutando contra o meu coração.

– O que você quer dizer com isso? – Meu coração já tinha certeza, mas meu cérebro teimoso insistia em questionar.
– Quer dizer que eu amo você.

Aquelas palavras alcançaram algumas feridas em processo de cicatrização, mas, naquele momento eu já não conseguia pensar no que era passado ou o que era presente e possível futuro. Naquele momento eu só queria corresponder aquilo.

Senti o meu corpo arrepiar quando Matt começou a acariciar o meu rosto. Nós naquele momento estávamos deitados na grama olhando para um milhão de estrelas quando ele disse:

– O brilho do seu olho foi o que eu mais senti falta durante esses meses.

Sem que eu pudesse dizer nada, ele tirou uma mecha de cabelo que estava no meu rosto, e chegou mais perto até que nossos lábios finalmente se encontraram. De alguma forma eu me sentia suja correspondendo aquele beijo, afinal, eu havia terminado um namoro no final de semana passado. Mas, analisando as circustancias esse meu pseudo-adultério não era nada comparado a outros putarias. Se aquela história do Phelipe era realmente verdade, naquele exato momento, eu estava me apaixonando de novo.

Continua.