Hoje eu tive que ficar mais quase uma hora de molho no salão, como não consigo ficar parada por mais de dois minutos peguei uma revista de 10 anos atrás para foliar. Não sei quem casou, não sei quem engravidou, não lembro qual cor é última moda no verão… e blá,blá,blá! Foi então vi uma foto que me chamou atenção, em plena passarela uma mulher dando dedo do meio. É claro que eu que descobrir quem era aquela tatuada de boca vermelha. “Fernanda Young mostrando toda sua irreverência em desfile…”. Fiquei com esse nome na cabeça , cheguei em casa e joguei no google. Sabe o que eu descobri? Ela é uma escritora, que já foi apresentadora e atriz. Sigo ela no twitter e nem sabia disso. Resolvi pesquisar alguns textos dela no pensador… e adivinhem? São ótimos! É CLARO que eu tinha que mostrar isso para vocês…
“Para quem me odeia.
Eu te amo. E não seria metade do que sou sem você, juro. É seu ódio profundo que me dá forças para continuar em frente, exatamente da minha maneira. Prometa que nunca vai deixar de me odiar ou não sei se a vida continuaria tendo sentido para mim. Eu vagaria pelas ruas insegura, sem saber o que fiz de tão errado. Se alguém como você não me odeia, é porque, no mínimo, não estou me expressando direito. Sei que você vive falando de mim por aí sempre que tem oportunidade, e esse tipo de propaganda boca a boca não tem preço. Ainda mais quando é enfática como a sua – todos ficam interessados em conhecer uma pessoa que é assim, tão o oposto de você. E convenhamos: não existe elogio maior do que ser odiado pelos odientos, pelos mais odiosos motivos. Então, ser execrada por você funciona como um desses exames médicos mais graves, em que “negativo” significa o melhor resultado possível. Olha, a minha gratidão não tem limites, pois sei que você poderia muito bem estar fazendo outras coisas em vez de me odiar – cuidando da sua própria vida, dedicando-se mais ao seu trabalho, estudando um pouco.
Mas não: você prefere gastar seu precioso tempo me detestando. Não sei nem se sou merecedora de tamanha consideração. Bom, como você deve ter percebido, esta é uma carta de amor. E, já que toda boa carta de amor termina cheia de promessas, eis as minhas: Prometo nunca te decepcionar fazendo algo de que você goste. Ao contrário, estou caprichando para realizar coisas que deverão te deixar ainda mais nervoso comigo. Prometo não mudar, principalmente nos detalhes que você mais detesta. Sem esquecer de sempre tentar descobrir novos jeitos de te deixar irritado. Prometo jamais te responder à altura quando você for, eventualmente, grosseiro comigo, ao verbalizar tão imenso ódio. Pois sei que isso te faria ficar feliz com uma atitude minha, sendo uma ameaça para o sentimento tão puro que você me dedica. Prometo, por último, que, se algum dia, numa dessas voltas que a vida dá, você deixar de me odiar sem motivo, mesmo assim continuarei te amando. Porque eu não sou daquelas que esquece de quem contribuiu para seu sucesso. Pena que você não esteja me vendo neste momento, inclusive, pois veria o meu sincero sorrisinho agradecido – e me odiaria ainda mais.
Com amor, da sua eterna.
Fernanda Young.
“ Sou cheia de manias. Tenho carências insolúveis. Sou teimosa. Hipocondríaca. Raivosa, quando sinto-me atacada. Não como cebola. Só ando no banco da frente dos carros. Mas não imponho a minha pessoa a ninguém. Não imploro afeto. Não sou indiscreta nas minhas relações. Tenho poucos amigos, porque acho mais inteligente ser seletivo a respeito daqueles que você escolhe para contar os seus segredos. Então, se sou chata, não incomodo ninguém que não queira ser incomodado. Chateio só aqueles que não me acham uma chata, por isso me querem ao seu lado. Acho sim, que, às vezes, dou trabalho. Mas é como ter um Rolls Royce: se você não quiser ter que pagar o preço da manutenção, mude para um Passat.
“ A verdade é que me enchi, De você, de nós, da nossa situação sem pé nem cabeça. Não tem sentido continuarmos dessa maneira. Eu, nessa constante agonia o tempo todo imaginando como você vai estar. E você, numas horas doce, noutras me tratando como lixo. Não sou lixo. Tampouco quero a doçura dos culpados, artificial como aspartame. Fico pensando como chegamos a esse ponto. Não quero mais descobrir coisas sobre você, por piores ou melhores que possam ser. Assim, chega. Chega de brigas, de berros, de chutes nos móveis. Chega de climas, de choros, de silêncios abismais. Para quê, me diz? O que, afinal, eu ganho com isso? A companhia de uma pessoa amarga, que já nem quer mais estar ali, ao meu lado, mas em outro lugar? Sinceramente, abro mão. Vou atrás de um outro jeito de viver a minha vida, já que em qualquer situação diferente estarei lucrando. Bom é isso, se agora isso ainda me causa alguma tristeza, tudo bem. Não se expurga um câncer sem matar células inocentes…”
Ela participou do filme “Os Normais” e já foi roteirista de várias séries e quadros como por exemplo: “Minha nada mole vida” e Super Sincero.
A fofo tem vários livros publicados…
1996 – Vergonha dos Pés – Ed. Ediouro – RJ
1997 – A Sombra das Vossas Asas – Ed. Objetiva
1998 – Cartas para Alguém Bem Perto – Ed. Objetiva
2000 – As Pessoas dos Livros – Ed. Objetiva
2001 – O Efeito Urano – Ed. Objetiva
2004 – Aritmética – Ed. Ediouro – RJ
2005 – Dores do Amor Romântico (poesias) – Ediouro – RJ
2007 – Tudo que Você Não Soube – Ediouro – RJ
Agora vou ter que juntar dinheiro para mais isso! Oucéus