Eu sempre fui do tipo de garota que se apaixona. Antes dos cinco, não me imaginava sem meu travesseiro. Não era qualquer travesseiro, era o meu. O único. Tinha cheiro de alguma coisa, que nada mais no mundo tinha. Ele me entendia, e era mais que meu melhor amigo. Minha companhia de quanto minha mãe dizia não, ou quando me obrigava a dizer sim. Mas, eu tive que o deixar, ou ele me deixou. Não lembro.
Depois de algum tempo conheci o vitor, o idiota do sorriso mais bonito do mundo. Estou falando a verdade, eu não era a única que achava, a sala toda, até a professora. Tenho certeza absoluta que ela também era apaixonada por ele, disfarçava mal. Mas, também como não ser? Ele andava com os retardados mais velhos, e era o único que sorria para mim. Bom, pelo menos longe deles. Eu não ligava, nem ele. Eu o amava, e o namorava, e gastava seu nome em meu caderno. Ele não sabia, era secreto. Ok, eu cometi um erro. Contei. Ele nunca mais sorriu, nem longe, nem perto, nem em lugar nenhum. Perdi um amor por tentar contistá-lo. Mas, aprendi que algumas coisas não devem ser ditas, e nem mandadas dizer (se é que você me entende). Coisas desse tipo devem ser engolidas, até a digestão terminar. Até nascer a fome de novo, até o tempo passar.
As coisas costumavam a me deixar, até eu fazer isso pela primeira vez. Aconteceu na adolescência, ou no fim dela. Acredite, quando se deixa alguém uma vez, isso acaba se tornando viciante. Bom, pelo menos foi para mim. Vieram dezenas de outros caras, que sinceramente não merecem ter seus nomes nesse texto. Não conseguiram manter meu coração acelerado por muito tempo. Pisavam sempre no freio na segunda ou terceiro semana. Péssimos motoristas.
Morro de medo que as pessoas pensem que eu não presto, e que não entendam que minhas necessidades não são físicas. Eu não sou a puta do ensino médio que já ficou com todos os alunos da escola. Eu apenas necessito de adrenalina, e de alguém que realmente saiba dirigir um carro. Com velocidade, sem bater, sem frear.
Beijos, Br