Não há nada mais desgastante que um plano. Perdemos noites de sono, gastamos horas no chuveiro, desviamos nossa atenção para o caderno, salvamos o dia em meia hora só para que tudo saia como o imaginado. Corremos em busca do momento perfeito, onde as luzes se acendem, o vento sopra e o cabelo está preso do mesmo jeito que ficou na frente do espelho. E lá está ele. Com a mão no bolso, olhando fixamente pra você naquele vestido rendado, a uns dois metros. Não acorde. Respire fundo e abaixe levemente a cabeça, para que o beijo venha como uma recompensa. Abra os olhos e sinta a coluna se espichar em qualquer encosto. Descanse, não há nada a fazer. A conseqüência pode ser bem diferente daquilo que estava anotado, não é? No final, a magia não saiu da varinha e o jeans foi a melhor opção. O que eu penso sobre tentativas frustradas é que o inevitável existe, mas o irreparável não. Mas não estou me referindo a erros. Quero dizer que atos muitas vezes não mudam atos, conseqüências podem não mudar conseqüências, mas circunstâncias definitivamente mudam circunstâncias. Tente o amor sem assinar contratos com seu coração e a sua liberdade. Não se questione. O trajeto é a chave: é o êxito, o que garante o mérito. E, talvez, ele não esteja em calendários.