Você assiste os desfiles de moda, eles lançam as tendências que vão ser divulgadas através de editoriais, campanhas, e essas tendências serão refletidas nas peças das coleções, os artigos serão vendidos nas lojas, você os compra, usa. A moda é mesmo cíclica em todos os sentidos, não? Digo, no sentido histórico (quando falamos de tendências que vem e vão ao longo do tempo) e nesse sentido que acabei de descrever. Mas você já parou pra pensar de onde vêem as tendências pros desfiles de moda que você assiste? Sim? Não? Quer saber? Eu digo!
Criar moda, é muito mais que assistir desfiles. Antes mesmo de você sair da sua casa ou ligar sua TV pra ver um “fashion show”, os organizadores, estilistas, produtores já pesquisaram muito pra saber o que será hit na estação. Aliás, antes das tendências serem adotadas pela indústria da moda, especialistas realizam um processo de pesquisa de comportamento de consumo, analisando o momento cultural e sócio-econômico em que se encontra o consumidor final destas tendências. O objetivo? Fornecer o máximo de informação aos criadores sobre o desejo do mercado. Ou seja, tudo depende de tudo. Mas que tudo é esse? Acontecimentos, costumes, gírias novas, fatos marcantes, tudo isso, será refletido na cadeia de acontecimentos da moda. E quem faz tudo isso? Nós!
Sabe a tragédia de 11 de setembro de 2001 em New York? Acredite, isso influenciou e muito nas tendências de moda. Com a catástrofe o comportamento coletivo dos consumidores mudou. É importante estar atento às expressões do indivíduo, às necessidades de consumo, e claro, aos desejos reinantes. Olhar para o comportamento das pessoas é fundamental para a construção da escolha de elementos que irão compor uma coleção, seja uma cor, um tecido e principalmente um tema que norteia a coleção. A atitude e o comportamento adotados pelas pessoas da época poderão dizer muito quanto às escolhas finais. Sempre gosto de citar minha estilista queridinha, Vivienne Westwood. Não é a toa que suas criações refletem muito do que acontece ao nosso redor.
No começo dos anos 90 surgiam os coolhunters, ou caçadores de tendências. Eles ficam espalhados por vários lugares do mundo e são encarregados de observar o que está imperando nos costumes e desejos dos diversos locais do mundo.
Comportamento em boates, bares, lojas, praças, revistas recém-lançadas, bandas, websites, blogs, microblogs. Tudo que esteja surgindo pode ser informação preciosa para os coolhunters. Ou seja, você pode lançar tendências para a próxima estação, ou melhor, você dita!
Existem sites especializados somente nisso, o mais influente e conhecido é o WGSN. Um portal de notícias sobre tendências fundado em 1998 que é líder mundial em serviços de pesquisa, análise de tendências, moda, estilo e costumes. Mais de 25.000 pessoas utilizam o serviço em 65 países. O Brasil é um deles, a WGSN tem um escritório em São Paulo. A missão é trilhar tendências pelo mundo todo, isso pode ser feito fotografando adolescentes ou vendo uma exposição de arte.Várias empresas já aderiram e utilizam os serviços dos coolhunters, como a Guess, Calvin Klein, Gap Inc, Grendene, Arezzo, C&A, dentre outras.
Então, não se enganem, no final das contas, a tendência somos nós, nossos gostos, costumes e realidade!