Vértices do amor, Cap IV

12 de outubro de 2010
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( Capítulo I / Capítulo II / Capítulo III)

Embora beijar o meu melhor amigo parecesse algo errado, eu estava realmente disposta a continuar indo pelo caminho contrário – Afinal, até poucas horas atrás eu estava completamente perdida. Enquanto nossos perfumes se misturavam no ar, Matt beijava o meu pescoço e dizia coisas no meu ouvido. Ele sabia como me deixar arrepiada.

– Posso te levar para um lugar especial? – Aquela era com certeza a primeira vez de Matt, e ele provavelmente criou expectativas para aquele momento. Por mais que eu não conseguisse deixar de me sentir suja concordando e aceitando tudo aquilo, desapontar Matt não era uma opção. Eu cheguei a responder aquela pergunta, mas o meu sorriso e o meu olhar deixaram bem claro que aquela noite era nossa. Matt me pegou – delicadamente – no colo e caminhou por dois minutos para um lugar que distante da cabana.

Uma grande fogueira do lado de uma pequena barraca. Tentar imaginar quando e como Matt preparou tudo aquilo era uma possibilidade que a bebida não me deixou escolher. Seja como for, mas seja.

Sentir o corpo do Matt sobre o meu era uma das sensação única. Embora eu estivesse acostumada dar amassos com o Phelipe, era tudo muito diferente. Meu corpo tinhas suas exatas medidas. A noite passou por nós dois como um lindo e esperado cometa. Talvez já fosse a hora de fazer um pedido.

Forget Phelipe.

No outro dia, quando acordei estava sozinha na cabana. Levantei e me lembrei subitamente do que havia acontecido noite passada. Ressaca-moral misturada com felicidade de apaixonada, alguém precisa de mais alguma coisa para o café da manhã no campo?

Quando olhei pra fora da cabana, lá estava Matt, sorridente brincando com Blue, seu cachorro. Aquele cara era provavelmente o sonho de consumo de metade das garotas da minha cidade – embora a maioria delas provavelmente nunca percebesse isso. Eu não queria parar de apreciar aquela vista, mas o matt sentiu minha presença e se aproximou.

– Você está ai senhora (porque ele começou a me chamar de senhora, até noite passada não era senhorita?) dorminhoca.
– Eu sorri sem saber o que dizer.
– Er… O que aconteceu noite passada… – Vez do Matt de fazer “Shhhh”!
– Você não precisa passar por isso. Nós somos melhores amigos e entendemos um ao outro, lembra? – Eu sorri novamente dessa vez aliviada.
– Eu sempre amei você, e provavelmente agora, estou apaixonada. – Eu disse aquilo, eu não escrevi… Dá pra acreditar?

Enquanto descíamos a montanha não pude deixar de pensar no possível encontro com Phelipe e Alicia (Melhor amiga piranha meninas, meninas melhor amiga piranha). Ele provavelmente perceberia meu sorriso de seu- idiota-não-preciso-mais-de-você-pra-ser feliz. Enquanto Matt me pegava no coloco com a desculpa assim chegaríamos mais rápido – ele tinha a capacidade de me insultar e me divertir ao mesmo tempo – eu sorria e por alguns instantes, me sentia a nova. Danie Feliz pra sempre sempre.

– Ah, phe para com isso, eu odeio quando você faz cócegas assim – Escutei aquela voz irritante de novo… Posso retirar o feliz pra sempre?

Ver os dois juntos e felizes mesmo me sentindo bem com o que havia acontecido na noite anterior, não era nada legal. Phelipe não era o tipo de cara se esquecia com um final de semana, ela era o tipo de cara se lembrava pra sempre. Ser feliz de novo era como ter que apagar um lindo texto e começar a escrever de novo. Do zero.

Matt segurou forte minha mão e passamos juntos por aquela barreira de lembranças.

Todos os convidados do evento haviam ido em uma longa caminhada, a casa enorme estava completamente vazia. Ao chegarmos na cozinha, Matt me pegou no colo e me colocou em cima da mesa.

– O que você vai quer Dan? – Disse ele com um sorrido de capa de revista. Eu poderia responder qualquer coisa, depois de ter bebido tanto na noite anterior, um pouco de leite não faria mal a ninguém. Mas eu sentia que aquele momento era o momento de dizer uma coisa fofa, ele merecia.

– Você – Ele sorriu como se não acreditasse no que estava ouvindo, eu podia perceber sua buxexas rosadas ficarem ainda mais rosadas. Matt sempre foi o mais pálido e magro da turma, mas depois daquela provável temporada de academia, ele estava um lindo garoto-cor-de- leite com cabelo bagunçado.

Enquanto comíamos e conversávamos não pude deixar de olhar pela janela. Será que meu passado ainda estava por alí? Por mais que eu quisesse que não, meus olhos o procuravam como se quiserem encontra-lo.Sozinho. Phelipe provavelmente estava no acampamento porque o seu pai o obrigou, ele nunca foi de sair nesses encontros de família. Depois que seus pais se separaram, ele se tornou o garoto-independente-babaca da cidade. Perdi a conta de vezes que tentei conversar com ele e juntar de novo sua família.

– Oh, vocês estão aí? – Se aproximou Carlos, o pai do tal idiota.
– Olá Senhor Carlos, como vai? Sorri com os olhos de não-me-pergunte-do-seu-filho.
– Você viu Phelipe por aí? – Merda.
– Eu o vi mais cedo no estacionamento, mas não sei ele está agora.
– Achei estranho que vocês não viessem juntos. Ele está com uma garota, acho que me lembro dela com você, sua amiga não? – Minha vontade era ser mal educada e responder meia dúzia de palavrões. Mas o senhor Carlos não tinha culpa do filho idiota que tinha.

– É, acho que nos desencontrados. – Pra sempre, pensei.

Ele sorriu, pegou um biscoito e saiu da casa da mesma forma que entrou. Do nada.
Olhei para Matt e dei um sorriso de eu-estou-bem querido.

– Vamos na cachoeira?
– Aqui tem uma cachoeira?
– Sim e não é muito longe. Pegue sua câmera, a paisagem por lá é incrível.

Matt era lindo, sabia exatamente do que eu precisava e tenho certeza que nunca me trocaria por ninguém. Porque eu não posso simplesmente gostar SÓ dele? Era uma tortura beijá-lo quandos meus pensamentos ainda estavam no passado, no Phelipe. Mas, considerando a probabilidade de encontrar um novo amor aquela minha única – e músculosa – opção.

No caminho, enquanto fotografava algumas imagens e Matt atrapalhava aparecendo em todas fazendo careta, o tempo passava devagar e a cada passo eu me sentia mais longe de tudo aquilo que não fazia parte de mim. Eu realmente estava me divertindo. Eu já consegue escutar o barulho da água, era uma questão de tempo que pudéssemos mergulhar quando escutamos um grito:

– Matt, onde você está? – Era sua mãe, ela distância do grito provavelmente estava na casa.

– Você se importa de eu ir ver o que ela quer? Você pode ficar aqui, eu vou e volto bem rápido.
– Ok antigo senhor músculo de ferro e atual Flash. – Eu sempre me dei melhor com os homens, então conhecia o suficiente sobre a cultura deles: Jogos, desenhos e personagens.

Enquanto Matt desaparecia entre às arvores, não pude deixar de perceber que eu estava sozinha de novo. Não que eu fosse medrosa, muito pelo contrário, sempre me senti melhor sozinha. Mas estar longe de Matt naquele momento significava pensar em coisas. E pensar coisas significava… Sofrer. Eu estava bem, mas não ainda pronta para ser feliz. Talvez meu coração precisasse respirar entre um amor e outro. Entre um suspiro e outro percebi que alguém se aproximava.

– Quem está aí? – Perguntei aflita.
– Sou eu Danoni. – Droga, aquela voz ainda fazia o meu coração tremer.
– O que você faz aqui?
– Preciso conversar com você.
– De novo? Não ficou satisfeito com nossa última conversa? – Perguntei quase sem paciência.
– Não. Não acho que as coisas entre a gente tenham se resolvido com aquela conversa.
– As coisas entre a gente não precisam mais se resolver. Elas simplesmente acabaram.
– Você não acredita nisso, nós não acreditados. – Disse ele se aproximando e sentando ao meu lado. – Olha Danoni, eu realmente me sinto mal em estar longe de você. Tudo que passamos juntos e a forma com que terminamos, ainda está entalado na minha garganta.
– Ótimo – disse eu com um tom irônico – você já tem alguém pare de ajudar a engolir e digerir tudo isso.
– Você também, certo?
– O que eu faço, sinto e penso não te interessa mais. Nós deixamos de ser dois quando você fez com que nos tornássemos três. – Disse com uma lágrima prestes a cair. – Não é justo você aparecer toda hora na minha frente e bagunçar ainda mais meus sentimentos. Por favor. Volta de vez ou desaparece pra sempre. – Eu realmente estava ficando boa com essa coisa de dizer e não escrever.
– Eu quero apenas te ter por perto.
– Nessas duas últimas semanas eu já quis tanta coisa, e acredite, nesse exato momento você não é uma dessas coisas.

Vi que naquele momento uma lágrima saiu dos seus olhos. Eu nunca tinha visto o Phelipe chorar, mas depois de uma semana fazendo isso sem parar, aquela cena me aliviou. Sinta minha falta desgraçado.

Ele se levantou e desapareceu instantes depois pela mata.

Solidão, quanto tempo.

Continua