Entre aspas: Carta desabafo!

02 de novembro de 2010
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Envio esta carta porque nunca mais quero você na minha frente. E dessa vez falo sério. Nunca mais quero ouvir a sua voz, mesmo que seja se derramando em desculpas. Nunca mais quero ver a sua cara, nem que seja se debulhando em lágrimas arrependidas. Quero que você suma do meu contato, igual a um vírus ao qual já estou imune.A verdade é que me enchi. De você, de nós, da nossa situação sem pé nem cabeça. Não tem sentido continuarmos dessa maneira. Eu, nessa constante agonia, o tempo todo imaginando como você vai estar. E você, numas horas doce, noutras me tratando como lixo. Não sou lixo. Tampouco quero a doçura dos culpados, artificial como aspartame.Fico pensando como chegamos a esse ponto. Como nos permitimos deixar nosso amor acabar nesse estado, vendido e desconfiado. Não quero mais descobrir coisas sobre você, por piores ou melhores que possam ser. Não quero mais nada que exista no mundo por sua interferência.Não quero mais rastros de você no meu banheiro.Assim, chega. Chega de brigas, de berros, de chutes nos móveis. Chega de climas, de choros, de silêncios abismais. Para quê, me diz? O que, afinal, eu ganho com isso? A companhia de uma pessoa amarga, que já nem quer mais estar ali, ao meu lado, mas em outro lugar? O tédio a dois – essa é a minha parte no negócio? Sinceramente, abro mão. Vou atrás de um outro jeito de viver a minha vida, já que em qualquer situação diferente estarei lucrando,você não é tão interessante quanto pensa.Não mesmo.Fiquei com um certo nojo de você. Não sei por quê, mas sua lembrança, hoje, me dá asco. Quando eu quiser dar uma emagrecida, vou voltar a pensar em você por uns dias. Bom, era isso. Espero que esta carta consiga levantar você do estado deplorável em que se encontra. Mentira. Não espero nenhum efeito desta carta, em você, porque, aí, veria-me torcendo pela sua morte. Por remorso. E como já disse, e repito, para deixar o mais claro possível, nunca mais quero saber de você.Se, agora, isso ainda me causa alguma tristeza, tudo bem.Não se expurga um câncer sem matar células inocentes.

Adeus, graças a Deus.

Quer saber quem escreveu esse texto?

Fernanda Maria Young de Carvalho Machado, ou só Fernanda Young, nasceu em Niterói no dia 1° de maio de 1970. Ela é escritora, atriz, roteirista e apresentadora de televisão.

Freqüentou a faculdade de Letras, Jornalismo e Rádio & Televisão, mas não terminou nenhum dos cursos e jurou nunca mais pisar em m campus universitário.

Escreveu oito livros, escreveu junto com o seu marido dez roteiros (entre eles Os Normais, Minha Nada Mole Via e O Sistema) e apresentou o comentadissímo Irritando Fernanda Young no GNT.

Os livros de Fernanda conseguiram boa exposição na mídia devido à sua persona peculiar, suas declarações controversas, sua obsessão com cultura pop e seu visual, construído por cabelos geralmente curtos, grandes tatuagens e, por algum tempo, ostensivas pulseiras de baquelite das décadas de 1920 a 1950. Contudo, não conseguiu angariar o respeito de especialistas em literatura, que a consideram um típico fenômeno televisivo sem consistência.

É casada com o roteirista e escritor Alexandre Machado, com quem teve as gêmeas Cecília Madonna e Estela May. Morando na cidade de São Paulo, divide seu tempo entre a musculação, assessorada por um personal trainer, o cooper e o balé clássico. Mantém também como hobby a fotografia, principalmente auto-retratos.

Bibliográfia

  • 1996 – Vergonha dos Pés – Ed. Ediouro – RJ
  • 1997 – A Sombra das Vossas Asas – Ed. Objetiva
  • 1998 – Cartas para Alguém Bem Perto – Ed. Objetiva
  • 2000 – As Pessoas dos Livros – Ed. Objetiva
  • 2001 – O Efeito Urano – Ed. Objetiva
  • 2004 – Aritmética – Ed. Ediouro – RJ
  • 2005 – Dores do Amor Romântico (poesias) – Ediouro – RJ
  • 2005 – melhores momentos de os normais Ed. objetiva
  • 2007 – Tudo que Você Não Soube – Ediouro – RJ
  • 2009 – O Pau – Rocco – RJ

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