Há uns dias que já ando assim explosiva e nervosa à toa. Tinha escrito todo um texto que girava em torno da TPM e as complicações que implica a pior fase mensal feminina, mas desisti. Relendo, achei uma porcaria.. Eu que já tenho uma predisposição à chatice, ao perfeccionismo, ando insuportável. Anti-cristo que vaira pela casa, e espanta desde a irmã menor, com os gritos altos e os passos firmes, até o cachorro que por pouco não dou um bico, um chutaço. É só que, sou toda submersa em possibilidades que talvez se realizem, talvez tomem a direção oposta, sem nenhuma certeza de futuro e vida parada ainda. E tudo isso toma uma dimensão grande demais, nesses dias que antecedem o caos, o inferno que é ser mulher. Se eu saísse por aí com o sutiã dois números maiores que mamãe usa, seria bem aceitável. Se não bastasse esse humor variável, a raiva incontida e tantas outras falhas de controle, o corpo se alastra, incha como quem assopra um bóia, um balão. Sobreviver à tais dias deveria vir com uma medalha, prêmio de perseverança; até broche de consolação, valeria o esforço.
E hoje, o Vênus entra em Peixes. Tá marcado no meu Mapa Natal, e eu espero que traga sorte. A tendência vigente de romantizar, idealizar toda e qualquer possibilidade de relacionamento que sirva, ou não, complete e deixe faltar; nada escapa. Tantos sonhos, mil planos e reviravoltas, essa entrega ao outro, fundição por completo, querer agora, junto e pra sempre. Até amanhã, quem sabe. Só acho bonito que Vênus esteja em Peixes, e Júpiter também. Um amor novo, grandioso e que tome as rédeas não faria mal. Mas entendo, Carnaval é tempo promíscuo, relações inférteis e apenas o carnal, a luxúria.. Me refugio, e talvez lá, a paz, contato esvoaçante com o ser interior, que habita as terras ainda desgovernadas aqui dentro. Ou o remédio pra curar essa milésima tentativa no erro, que nem prazer mais traz, conquista com rota já conhecida, GPS sem voz que apenas indica o destino mais executado, em anos. Nunca fui fã de agulhas, injeções nem remédio. Nem fui parar no hospital, não levo marcas de pontos no corpo. Morro de vontade de fazer uma, duas tatuagens, mas o medo é muito maior que o desejo. Na hora assim, chega. Não dá.
E daí, esse impasse que não me livro nunca, essa vontade de se libertar e a hora que talvez seja essa, agora! Vou notando aos poucos que nunca daria certo, sozinha e só a lembrança de conselhos, de dicas cheias de significados nas entrelinhas, e que estabilidade necessita de muita compreensão, de muita paciência, e não os rompantes escorregadios e sem volta que a gente ensaia. Que o tempo seja esse, onde eu saía disso que só permaneço para não estagnar no vazio, ficar na falta, permanecer na solidão. Encontre então qualquer forma de fé e esperança, que mesmo sem pessoa alguma de consolo, eu consiga encontrar alguém para realmente compartilhar o momento presente, o agora. Mais ou menos como animais para adoção, que olham com aquele semblante de piedade, e ainda assim sabem que terão algum dia quem cuide, corra pelas praças e pátios, parques, alimente e seja então, companheiro.
Enquanto não saio da cidade quente e urbanamente caótica, as malas feitas somente à noite, para amanhã cedo se livrar desse ar poluído e tomar a estrada, tenho ainda a manicure à tarde e passar na costureira (mais uma, outra..) para pegar os consertos. E na geladeira, o melhor Brownie que fiz, os poucos retalhos que restaram desse doce maravilhoso (pretendo postar a receita). Tiro o chapéu para mim mesma! Em tempos de calor massacrante, guerrilhas entre coração e razão, e a tensão provocando tantos distúrbios de comportamento, só o chocolate salva. Endorfina liberada que transmite então o prazer, a sensação boa que não sinto há dias.Vício é vício, e nesses dias, torna-se herói!