A tragédia no Rio de Janeiro marcou o Brasil e ganhou destaque até fora dele. Todas as emissoras, brasileiras ou não, mostraram o verdadeiro massacre que acabara de acontecer numa simples escola. Doze crianças mortas, outras feridas. Sonhos perdidos, famílias arrasadas. A perplexidade é geral. Como pode alguém ter coragem de ferir tantas pessoas inocentes?
Segundo as notícias, o motivo pode ter sido uma espécie de vingança. De que? Da humilhação sofrida pelo homem naquela escola, quando ainda era estudante. Humilhação na escola – parece familiar esse tema, não é mesmo? É porque, a todo o momento, vemos reportagens e alertas sobre bullying.
Não há desculpas para o que foi feito; afinal, nenhum motivo é suficiente para uma matança, ainda mais com pessoas que nem sequer tem algo a ver com o que aconteceu com ele. Mas a situação nos provou que uma pequena brincadeira pode tomar proporções maiores do que imaginávamos. Bullying é coisa séria e as consequências dele, também.
Não dá para igualar os casos. As pessoas são diferentes umas das outras: cada uma tem um psicológico para enfrentar as dificuldades da vida; o que não quer dizer, porém, que se uma conseguiu superar, a outra também conseguirá.
Até agora, não foi divulgada muita coisa sobre as investigações, porém, o que se sabe, é que Wellington Menezes, o atirador, sempre fora uma criança meio diferente. Isolado, reservado, obcecado por temas terroristas: o alvo perfeito para zombarias.
Antes dessa tragédia, outro caso relacionado ao bullying havia ganhado destaque na mídia. Um colégio é condenado a pagar indenização à família de uma ex-aluna, que, na época em que estudava no local, sofria agressões verbais e físicas (arranhões, socos, chutes, espetadas de lápis) e tinha apenas sete anos! A garota desenvolveu uma fobia da escola, insônia, terror noturno e sintomas psicossomáticos (dores físicas causadas pelo emocional).
Esses são apenas dois exemplos, mas há muitos casos por aí e muitas consequências diferentes. Na maioria deles, no entanto, o trauma dessas humilhações é tão grande que influencia por anos após, talvez até durante a vida inteira, na vida social, profissional e amorosa.
Ninguém merece ser zombado e humilhado no local onde deveria viver seus melhores momentos, fazer novos amigos, crescer e ser educado. Aliás, ninguém merece sofrer isso em nenhum lugar, em nenhum momento da vida.
Todos nós somos iguais. Não importa a cor, sexualidade, religião, gênero ou estilo. Todos nós temos um coração batendo e sentimentos. Então, por que julgamos tanto o próximo sem nem mesmo darmo-lo a chance de mostrar sua personalidade? Imagine que estranho seria se fôssemos todos iguais, sem opinião própria? Se não gosta, não julgue – respeite.
O ser humano tem prazo de validade. De que vale, então, gastarmos nosso tempo precioso nos preocupando com as escolhas de outra pessoa? Reclamamos das guerras, da violência, mas nós mesmos a cometemos (ainda que verbalmente) e a alimentamos. Violência gera violência. Distribua amor e o receberá de volta. Viva para ser feliz; perder tempo com sorrisos é muito mais vantajoso.
E se você sofre bullying: procure ajuda. Não guarde a tristeza e o sofrimento dentro de si. O único a sofrer é você mesmo. Se alguém precisar de conselhos, eu estarei sempre à disposição no twitter (@girlsoverbros) ou em meu email (mclara.alves@live.co.uk).
Queria enviar também todo meu amor e pensamentos positivos às crianças e famílias que sofreram com a tragédia em Realengo. Todos eles estão passando por um momento realmente complicado e merecem todo o apoio oferecido.