Você pode nunca ter ouvido falar dele, ou já ter ouvido menções ao seu nome, mas sequer sabe a que tipo de literatura ele se dedicou; ou ter dado um profundo suspiro de paixão quando leu o nome de – certamente – um dos seus autores preferidos. Porém, se tiver Twitter, afirmo com vigor e convicção: você já deu retweet em uma das frases dele.
Bem, fato é que não importa qual sua posição sobre esse nome de titulo, este post trata de um dos homens mais incríveis que já pisaram, cresceram, amaram e encantaram corações nessas terras tupiniquins e pelo mundo: Caio Fernando Abreu!
Dono de uma lírica simplesmente apaixonante e que parece ter sido descoberta agora pelas redes sociais, falar de Caio é quase como uma declaração de Amor ao próprio Amor. Durante toda a sua vida – e seus escritos, é claro – ele dedicou-se a um tema que é interesse de todos nós: o Amor.
E quando eu digo Amor, digo de todos os tipos. Entre homens, mulheres, homens e mulheres; Amor de mãe, amor ardente, amor platônico e até mesmo falta e descrença no amor. Mas, sempre girando pelo mesmo centro gravitacional.
Caio era gaúcho, nascido na cidade de Santiago – que é conhecida como “a terra dos poetas” – no ano de 1948. Mas, ele decididamente não nasceu para viver numa cidadezinha pequena. Caio é o tipo de pessoa que precisa de todo o mundo e mesmo assim, sempre sobra alguma parte que não cabe.
Dono de uma mente inquieta interou-se por tudo um pouco. Cursou letras e artes cênicas na UFRGS, mas fez carreira como Jornalista. Participou da redação de revistas e jornais importantes nesse país, como a revista VEJA e os jornais o Estado de São Paulo e da Folha de São Paulo. Exilou-se em diversos países na época da Ditadura Militar, o que contribuiu muito para sua lírica.
Suas obsessões – que podem ser vistas claramente em seus escritos – eram as religiões diversas, as línguas, as viagens pelo mundo, as músicas, os costumes, o amor, a solidão e claro, os signos. Aliás, Caio sempre cita signos e dá nomes a alguns de seus contos através deles, como por exemplo, o conto “O dia em que Urânio entrou em Escorpião” onde – do modo que apenas ele poderia fazer – mostra todo o poder das verdadeiras amizades. E “O Dia em que Júpiter encontrou Saturno” onde os diálogos são simplesmente espetaculares. Ou mesmo “Sim, ele deve ter um ascendente em Peixes”, onde ele ilustra todo o medo que nos rodeia nessa vida moderna das cidades grandes.
Aliás, apesar de ser um escritor completo, Caio destacou-se mesmo na área de contos. Publicou mais de vinte obras, e dentre elas, nove somente livros de contos. O maior destaque vai para “Morango Mofados” – seu quarto livro e considerado pela crítica como sua obra-prima – que é dividido em duas partes: o mofo & os morangos. O melhor conto do livro? Impossível dizer, todos os contos de Caio são impecáveis e tocam a alma de quem tem o prazer e a honra de tentar compreendê-lo.
Porém, e devo admitir, meu conto preferido é “A Dama da Noite”, do livro “os dragões não conhecem o paraíso”, onde a narradora fala -em tom de conversa com o leitor – sobre a velhice, sobre as coisas que realmente têm valor e sobre o Verdadeiro Amor. Aquilo tipo de texto que faz você parar e pensar sobre todos os aspectos da sua vida, após a leitura. Decididamente devastador!
Mas, não só de contos viveu a lírica de Caio. Segundo um de seus amigos e colega de redação, Caio escrevia o tempo todo e em todo lugar. É natural que ele também tenha um romance em seu curriculo-literário. “Onde andará Dulgue Veiga?” é ininominável. Como que um dos seus contos de forma extensa e totalmente controladora. É impossível parar de ler até que se desvendem todos os segredos de Dulce, Márcia, e claro, do narrador!
Soro positivo, Caio teve uma morte muito precoce aos 47 anos, em Porto Alegre, deixando toda a literatura brasileira órfã para sempre de sua pessoalidade-universal. Mas, deixando um legado que o coloca como um dos maiores expoentes da literatura contemporânea.
Enfim, eu poderia escrever livros e mais livros sobre todo o esplendor da obra de Caio, mas creio que as palavras dele falem por si só. Abaixo, estão alguns links para aqueles que assim como eu, desejam mergulhar nesse mundo incrível da literatura contemporânea e nacional!
O primeiro é um livro para os iniciantes, reunindo os melhores contos de Caio na visão de Marcelo Bessa. Ideal para os iniciantes e contém todos os contos aqui citados. O segundo é o livro Morangos Mofados, sua obra-prima e por ultimo, seu romance “Onde andará Dulce Veiga?”. Espero que – assim como fez a mim – Caio conquiste um espaço definitivo no hall dos seus autores preferidos.
Os Melhores Contos de Caio Fernando Abreu – Marcelo Bessa | Morangos Mofados – Caio F. Abreu | Onde andará Dulce Veiga? – Caio F. Abreu