Algumas pessoas dizem “Quem vive de passado é museu”. Outras preferem acreditar que “Recordar é viver”. Não importa qual seja sua visão sobre o passado, sempre existe uma hora em que pensamos para refletir sobre ele, seja revirando o baú de memórias guardado no cérebro ou mexendo nas gavetas cheias de álbuns de fotos antigos.
É natural a vontade de querer voltar um dia, um mês ou um ano atrás e reviver todos os momentos que consideramos “recordáveis” em nossa vida. Em contrapartida, é muito ruim recordar de algum momento “museu”. É complicado porque, sempre que utilizamos essas frases, estamos falando de sentimentos relacionados ao passado de formas muito opostas. Pois recordar te faz suspirar, viver de passado te faz engasgar.
É importante frisar que, independente da frase que você utiliza para descrever uma lembrança, o maior envolvido, e menor dos culpados, é o passado. O que passou é objeto inanimado, inquebrável e irrevogável. O advogado da sua vida não pode recorrer: o passado é sentença já dada, irrecorrível. Não se pode voltar à página inicial da mente, editar, atualizar e postar uma nova vida: todo mundo já viu a vida que você viveu primeiro. O passado sempre estará lá porque fez parte da sua vida. E o que faz parte da sua vida antes de chegar o amanhã é o responsável por construir o que você é hoje. Sua tentativa de mudá-lo não muda nada, só te deixa mais triste pelo fato de você não compreender o tamanho da importância do que passou dentro de nós e por nós durante nossos caminhos, tortos ou retos.
Não há nenhum mal em lembrar o que passou. Acredito que essa seja a melhor forma de autocrítica. O que não pode acontecer é lembrar-se de um tempo remoto, estagnar numa lembrança e lá morar até o último dia de sua vida. Viver o passado é muito diferente de viver de passado. Quem vive o passado trás a tona memórias de pessoas e momentos que significaram algo em suas vidas, que te engrandeceram de alguma forma, mesmo que tenham feito você chorar. Quem vive de passado faz a mesma coisa, com a diferença de que a pessoa não compreende o quanto cresceu, e só lembra-se da dor que sentiu, fazendo de tudo pra continuar sentindo. Esse tipo de comportamento já envolve o psicológico da pessoa como, por exemplo, problemas de autoestima.
Tudo que passa, muda. Tudo pelo que você passou, te mudou. O presente que você vive hoje só é do jeito que você conhece pelas atitudes certas e erradas que você tomou no passado. Até o mais simples gesto pode significar a mais grandiosa das mudanças. Não recrimine o passado. Não ache que recordar é sofrer nem que viver de passado é viver. Tudo passa. Tudo está passando bem diante dos nossos olhos. Apenas viva.