O que dói mesmo é não ser inverno pra todo mundo. Nem pra ele. O que dói mesmo é ter vontade de ir sozinha chorar junto com as lágrimas que o céu derrama. A chuva. Ou ter vontade de ir com ele pra chuva, querendo que ela lave todo o sangue escorrido e até aquele escondido. Do coração. O que dói mesmo é ter vontades. Só vontades. É ter medo de correr atrás delas, medo do depois. Ou pior: não ter vontade de lutar pelo que quer.
O que dói mesmo é perder a esperança. Não, pior: florescer nesta primavera e fazer crescê-la, é saber que alguém – ele – estava regando esse sentimento. É ter esperança hoje, neste verão. É ver as folhas do outono sendo levadas para baixo junto com a sua auto-estima e de repente, todo aquele sol se perdeu atrás de nuvens brancas – pálidas como o nada, o vazio de seu coração – e o inverno bateu na sua porta: você abriu. A esperança fugiu.
O que dói mesmo é ver que através dessa porta aberta, tem neve caindo: motivos, uns maiores, outros menores, que atingidos ao limite do ciclo da água – ou ciclo das suas estações – caem do céu sem parar e cobrem o chão. E então você se sente sem chão.
Tentando fugir você olha pra trás. O que há? Nostalgia. Folhas de outonos caídas e árvores meia cheia, meia vazia. Como quiser. Aposto que se vista de uma estação antes, o verão, seria meia cheia. Mas agora não, afinal a Esperança se foi. Antes ainda, vemos o sol sorrindo e pedindo pelo mar: algo que seja pra sempre. Sem dimensões, sem tamanho, como um amor infinito. Aquele que você não tem obrigação de medir e provar para os outros: todo mundo sabe, todo mundo vê. Mais adiante temos a primavera, ah, minha querida primavera. Momento de olhar as flores crescendo: será que vão morrer no meio do crescimento, ou sobreviver? Será que vai ser bom ou ruim? As dúvidas que tínhamos aí sobre o futuro são respondidas depois, no verão. Deu tudo certo! As flores cresceram e com elas vieram os bons momentos, as férias, os sorrisos, a alegria.
Vou mostrar pra vocês o que tá difícil de enxergar: na primavera você regava as flores e elas cresciam. No outono você as via morrendo, e todas realmente se foram. O ciclo das estações do ano, é esse mesmo do seu coração. Quando você botar fé e acreditar, tudo vai dar certo, do jeito que tiver que ser. Quando você desanimar, os motivos pra você ficar sem chão (a neve) vai aparecer. Até tu tomar vergonha na cara, levantar de baixo das cobertas, jogar fora o chocolate quente, andar por cima da neve e pisar nos motivos pra chorar e correr, correr mesmo, atrás de mais flores pra regar. Cuidar daquelas que morreram? Talvez você deva insistir em algumas coisas, sim – nas que valem a pena. Insistir nas pessoas que você quer rindo contigo no próximo verão e insistir NAQUELA pessoa que você quer que seja um amor sem limites, como o mar. Ou plantar novas flores e cuidar bem para que cresçam firmes e fortes.
Mas lembre-se: flores mortas terão uma chance pra renascer, mas se morrerem de novo, talvez seja o momento de plantar outras. E não de perder esperança e vontade de encher a árvore do outono de boas lembranças do verão, muito menos de se esconder com as amarguras do inverno.
Você tem que passar pelas quatro. Mas o bom das estações da sua vida, é que você quem define quanto tempo vai passar em cada uma. E com quem. Não planeje: acredite!
SABE DE QUEM É ESSE TEXTO?
Luiza Ramos. 14 anos de experiência, e acredite, são muitas. Não sei seguir meus próprios conselhos, mas todos adoram seguí-los. Talvez eu esteja a procura de alguém que me faça não errar. Talvez eu já tenha encontrado. Apaixonada por moda, meu humor está no que eu visto. Viciada em redes sociais, coisas que engordam, telefone e Starbucks. Little Monster. Desaprendi a passar um sábado em casa. Só trocaria São Paulo por New York. Vivo apenas para ser feliz, e sou, simplesmente por saber que eu faço bem às pessoas que eu amo. @LuizaMRamos.
E então, gostaram do texto da Luiza? Ela é leitora do blog e enviou o texto para a tag “De quinze em quinze” que rola quinzenalmente na comunidade do blog. Quer também ter um texto seu publicado aqui? Então corre lá que logo, logo tem tema novo!