O que é ser desonesto uma vez? Pode ser abrir um envelope que não te pertence, furar a fila do banco ou não devolver o troco a mais ganhado na pastelaria. O que é ser desonesto duas vezes? É aproveitar-se da ingenuidade, desrespeitar a ordem ou roubar de terceiros. E o que é ser desonesto três vezes? É ter conhecimento de trapaças e não denunciar. Antes de falar em ética, é preciso falar em honestidade.
Ser honesto tem sido como um homem abrir a porta do carro para uma mulher: quando o faz, ou é bobo ou está doido. A honestidade individual não implica na honestidade coletiva com satisfação, já que os modelos mostrados para se seguir não condizem em nada com os princípios éticos devidos. Malotes de dinheiro, crises e crimes contracenam nua eterna dança dividindo opiniões conformadas na maioria das vezes e indignadas até o ponto onde seus interesses individuais não são prejudicados. Intervir na sociedade é uma variável que não corresponde às ações que vêm sendo feitas.
O país do Carnaval e das pessoas acolhedoras é povoado por mascarados, descontentes com a ilusão de autossuficiência e nível zero de autocrítica. Se a força que fazem para não se envolverem nos problemas do país fosse revertida para ações na sociedade, certamente as casas não seriam cárceres privados.
É preciso estar e permanecer firme na ética para tomar sua frente. A grande teia é armada por nós mesmos, onde capturamos um fato, despedaçados as partes pela casa e engolimos. O gosto e a possível satisfação nem aparecem. Indigne-se, reclame e argumente. A inércia é sempre uma ameaça. Querer um país mais ético é nosso direito, mas é mais ainda nosso dever.