No mês passado, fui convidada pra dar uma palestra em um colégio onde estudei durante oito anos, o Imaculada Conceição (CIC). O tema? Minha história. Não tenho tanta experiência de vida, mas nesses 17 anos aconteceram muitas coisas. Graças a oportunidades e algum esforço, consegui superar barreiras e ir muito além dos meus maiores sonhos. Acredito que de alguma forma, escrever me fez enxergar a vida de uma maneira diferente. Perceber que até as piores coisas, podem ter um lado positivo e mudar completamente nosso destino. É justamente isso que quero transmitir para os alunos.
Temas (bullying, timidez, cerreira e amor) que na minha vida, fizeram e ainda fazem toda a diferença.
O convite veio de uma antiga professora, e é claro, aceitei sem nem pensar duas vezes. A palestra está marcada para o próximo dia 7. Será a primeira vez que falo em público para tantas pessoas. Jamais imaginei estar vivendo isso, então considero a oportunidade como mais um desafio.
Em momentos como esse, lembro da minha antiga amiga chamada timidez. Apesar de já não estar tão presente nos meus dias, sinto frio na barriga ao pensar que em alguns dias, estarei falando para quase 700 pessoas, entre eles, amigos, ex-colegas de classe, professores… OH LORD!
Motivo pelo qual estou escrevendo isso? Compartilhar com vocês esse sentimento! Recebo sempre email de leitoras pedindo pra abordar mais o tema por aqui, e achei em tudo isso, a oportunidade de escrever sobre ela de uma maneira mais íntima, mais vida real, se é que vocês me entendem.
Acredito que cada pessoa tem o seu próprio jeito de ser, e isso não depende somente da criação. A timidez quase sempre nasce com a gente. Com o tempo, podemos ou não deixá-la para trás. Isso é um trabalho que deve ser feito em casa e principalmente na sala de aula, quando ainda somos criança e começamos realmente a interagir com pessoas fora do nosso círculo de conforto ou familiar.
Quando existe insegurança nesse momento, a timidez encontra espaço para se fortalecer e se tornar um mecanismo de defesa do mundo exterior, ou melhor, das pessoas que vivem nele. Em excesso, isso não favorece em nada na formação da nossa personalidade. Antes de descobrimos o significado da palavra inibição, já deixamos ocultos tudo que o que realmente sentimos e temos vontade dizer. Essa tal insegurança pode surgir por N motivos. Separação dos pais, comentários de professoras, bullying… Enfim. Com o passar dos anos, se nada mudar, vamos carregando sem perceber esse sentimento que sufoca e limita.
Passei anos da minha vida convivendo com isso. Eu odiava os meus óculos. Odiava todos os meus apelidos. Odiava não ter amigos de verdade pra contar o nome do garoto que eu gostava. Odiava ser sempre a última a ser escolhida na educação física. Hoje parece bobagem, mas na época foi o suficiente pra me fazer chegar chorando em casa algumas vezes. Isso realmente me afetava.
Como eu superei? Escrevendo sobre isso. Só assim consegui entender algumas coisas. Sabe, se a gente for parar pra pensar, ninguém é melhor do que ninguém. Somos todos iguais. Eu, você, a Katy Perry e o Shakespeare. Nascemos sem saber absolutamente nada, e o tempo, esse mesmo que muda a minha vida e a sua, é que nos ensina tudo. As maiores barreiras que nos limitam são aquelas que nós mesmos criamos.
Por isso, anote antes de dormir todos os seus planos e sonhos, aqueles mais impossíveis que passam na sua cabeça enquanto o sono não chega, e no outro dia, cole-os na parede. Nunca deixe que uma noite de sono ou algum desconhecido que não sabe nada o que se passa dentro de você, te faça desistir deles.