Só mais uma experiência

O final do ano está cada vez mais próximo, assim como o Halloween, o Natal e o Ano Novo, e finalmente as tão aguardadas férias de verão! Que bom, né? Mas também vai chegando a hora do Enem, do Vestibular, provas finais na escola. Essas coisas que parecem ser as piores da nossa vida!

Me lembro de quando fiz Enem pela primeira vez. Estava fazendo só por experiência. E que experiência horrível! Entrei na escola, me sentei na cadeira, e até então estava me achando a tal, fazendo ‘vestibular’ como se fosse uma adulta. Depois de algumas horas na mesma posição, percebi que aquele iria ser o pior dia da minha vida. Eu tinha certeza disso. Quatro horas de prova, meus dedos não estavam respondendo aos meus comandos. Redação? A criatividade tinha ido tomar sorvete, e eu lá, sentada ainda na mesma posição tentando resolver tudo antes do último aluno da sala acabar a prova. E por falar em sorvete, minha fome aumentava cada vez que eu lia uma questão. Não tinha levado nada para comer. Fui uma das últimas a entregar a prova, e quando saí, liguei para minha mãe, desesperada, e ela me disse algo que me acalmou e que eu guardei pra sempre: “Foi só uma experiência”. No outro ano, me inscrevi de novo, e no dia da prova, fui para o colégio com a sensação de que não saberia nada, não iria pensar em nada, como da outra vez. Resolvi deixar pra lá, e fazer a prova dando o meu melhor, mesmo que meu melhor não fosse o suficiente.

Quando chegou a hora do vestibular pra valer, estudei, me preparei, segui todas as instruções do edital. Fiquei nervosa, sim. Levei um chocolate, uma água, vesti uma roupa confortável. Tudo que pudesse tornar aquele dia mais tranqüilo. Levei também, o mais importante: a frase da minha mãe no pensamento. Para algumas pessoas, esse dia se torna uma tortura, como se fosse o dia do juízo final e o nervosismo exagerado acaba atrapalhando tudo, até mesmo pra quem estudou o ano inteiro e tem certeza de que está preparado. O clima desse dia é um prato cheio para nossos nervos. Aquela multidão de adolescentes querendo a mesma coisa que você e aquelas fórmulas de Física que se embolam na sua cabeça quanto mais você tenta lembrar delas! É um dia difícil, de verdade. Mas para mim, era só uma experiência. Na verdade mesmo, aquela era a minha única chance de estudar em uma universidade federal, mas na minha mente, era só mais uma experiência. Se desse certo, ótimo. Se desse errado, a vida continuava. E foi nesse pensamento que eu consegui fazer uma boa prova e passar para a segunda fase. Não levei aquela sensação de ‘única chance’ comigo, nem fiz do dia do vestibular o pior dia da minha vida. Não tem que ser uma decisão para a vida toda! Comecei o curso, não gostei. Tranquei e prestei outro vestibular. E outro. E depois outro. E sabe, cada experiência contou muito para o que sou hoje. Quando focamos um objetivo, é natural e necessário dar o nosso melhor pra conseguir. Mas se não der certo de primeira, a gente sempre tem uma segunda chance pra fazer um pouquinho melhor. Ou uma terceira, uma quarta… A vida é curta, mas nela cabem muitas experiências. E pode acreditar: agora isso pode parece um bicho de sete cabeças, mas depois tudo vira história.