Bem, com a sorte é o seguinte: a gente tem ou não tem, certo? E geralmente, muitas pessoas não têm, enquanto outras parecem ter nascido com algum tipo de sorte crônica. Eu me encaixo no grupo de pessoas que não tem muita sorte, e me vi resolvendo meu problema quando encontrei uma caixinha com sementes de trevo de quatro folhas nnuma feira de flores. Isso mesmo! “Cansado de procurar? Plante sua própria sorte!”, era o que dizia a embalagem. Mais do que depressa, comprei, tratei de plantar as sementinhas no vaso e fiquei aguardando minha sorte começar a nascer. Depois de uns dias, eles finalmente começaram a aparecer. Três trevinhos de quatro folhas! Oba! Minha sorte veio multiplicada por três! A felicidade de finalmente ser uma pessoa sortuda tomou conta de mim, mas logo tratou de ir embora. É que na verdade, a sorte mesmo não apareceu junto com os trevinhos. Não ganhei nada em nenhum sorteio, muito menos três vezes. Até arrisquei raspar uma raspadinha na loteria, mas nada. Então, fiquei decepcionada com o produto que eu tinha comprado. Ora, trevo de quatro folhas não dá sorte nada!
Parei pra pensar: qual é a razão do trevo de quatro folhas ser o símbolo da sorte mesmo? Ah, sim! Eles são raros, no meio de tantos outros trevos de três folhas. Então, se você encontra um, quer dizer que você tem sorte, pois encontrou algo raro. Depois de pensar nisso, percebi que não adiantaria muito plantar três ou mil trevos de quatro folhas, se eu não tinha os encontrado, e sim, comprado as sementes na feira.
O mesmo acontece com a sorte, a sorte mesmo, de verdade. Não adianta fingir que ela vai dar conta de tudo. Ás vezes ela até dá, mas na grande maioria das vezes somos nós que acreditamos o bastante, a ponto de conseguirmos o que queremos. Me lembro de ter ficado de cara fechada durante semanas, quando criança, porque uma das minhas amigas era a melhor aluna da classe, e eu nem passava perto. ‘Que sorte a dela’, eu pensava. Mas quer saber? Não era sorte. Ela simplesmente estudava e fazia os trabalhos, e eu não. Também me lembro de comprar muitas e muitas raspadinhas de 50 centavos na loteria e o máximo que ganhava era outros 50 centavos para comprar mais raspadinhas. Então, eu guardava todas elas embaixo da minha cama, numa caixinha, e achava que isso iria me trazer sorte. É como o trevo de quatro folhas: se você tem um, acredita que ele pode te trazer sorte e então, como dizem os filósofos, ‘o universo conspira a seu favor’. A fé que a gente tem num amuleto é que faz dele um objeto da sorte. Podem ser raspadinhas, trevo de quatro folhas, pé de coelho, olho de Hórus, moeda, figa, etc.
O que vale é acreditar que eles nos trazem vibrações boas, e só assim temos uma chance de confiar na sorte que esses amuletos nos podem dar. Tudo bem que às vezes eles não funciona, mas isso não quer dizer que devemos parar de acreditar neles. Bem, eu quem o diga. Minhas raspadinhas embaixo da cama valeram a recordação, porque na verdade o máximo que eu já ganhei na loteria foi 2,50. Desisti dos trevos, mas as raspadinhas da sorte ainda estão guardadas numa caixa velha no guarda-roupa, esperando para um dia me trazerem um milhão de reais. Vai saber, né?