Quando eu mudei de escola, na sétima série, não conhecia ninguém na nova escola. Na verdade conhecia algumas meninas, tinha estudado com elas no primário, e até eram minhas amigas naquela época. Mas, com 13 anos, eu já não era a mesma pessoa, e elas pareciam ter mudado bastante também, se tornando adolescentes bem diferentes de mim. Com isso, eu sabia que ia ser difícil me enturmar naquela nova escola.
Era uma escola particular, e eu tinha aquele preconceito bobo – e com isso, digo muito bobo – que todas as meninas seriam metidas, de nariz em pé. Foi quando eu me sentei perto de uma garota que também tinha estudado comigo no primário. Mas não levei muita fé. Ela não era minha amiga naquela época, não conversava muito comigo, nem nada. Mas, mesmo assim, era uma chance de fazer amizade. Ela e mais quatro amigas, escreviam bilhetinhos em códigos e não se importavam em passar por mim, porque nunca imaginaríam que eu saberia seu idioma secreto. Mas eu sabia. Também escrevia usando os mesmo códigos na escola antiga, com minhas amigas antigas. Quando uma delas descobriu, achei que ia ser enterrada viva, ali mesmo. Mas não. Elas foram muito legais comigo, e me aceitaram no grupinho, que tinha até nome. Me deram carteirinha de membro, feita de papel e tudo mais, eu estava oficialmente integrando um grupo de amigas na sétima série de um colégio particular: tudo que eu não imaginaria fazer na vida, até então! Mas elas eram diferentes.
O meu preconceito caiu por terra, porque aquelas meninas pareciam ser eu mesma multiplicada por cinco. Cada uma com seu jeito particular, é claro, mas parecia que eu pertencia àquele grupo à anos. Sabe quando você acha sua alma-gêmea? Pois é, eu achei cinco. Me arrependi de ter chorado por uma semana quando minha mãe me disse que iria me mudar de escola, porque ao invés de ficar sozinha, como eu imaginava, ganhei cinco irmãs incríveis. Depois disso, foram cinco anos estudando juntas, vivendo juntas, gostando das mesmas coisas, vestindo as mesmas roupas, brigando e nos perdoando o tempo todo. Quando cada uma foi pro seu canto, achei que nunca mais iria vê-las. Iria ter que fazer outros amigos. Tudo bem, nós tivemos os cinco anos mais legais das nossas vidas juntas, não posso querer ficar com elas para sempre não é? Não é. Não tá tudo bem!
Ficamos sem nos falar por um tempo, cada uma morando em uma cidade, fazendo faculdades diferentes, e eu já tinha me acostumado a viver sem elas. Fiz outros amigos, mas nunca como naquela época. Até que alguém teve a brilhante ideia de inventar um site chamado Facebook – obrigada Mark Zuckerberg – onde, agora, a gente não deixa de se falar nunca!
Deixar algo que nos faz tão bem quanto a amizade verdadeira escorrer pelos dedos da gente não é nada bom. Mesmo que nossos amigos sigam caminhos diferentes – o que é inevitável que aconteça – não precisamos esquecer aquilo tudo, e tocar vida sem eles. Tenho certeza de que ainda vamos fazer outros amigos, e outros e outros. Mas os melhores, os verdadeiros, aqueles que acompanharam a gente por tanto tempo, esses ficam. Nosso coração não deixa ninguém substituí-los. E aquelas seis meninas inseparáveis, que se vestiam igual e gostavam das mesmas coisas, não são mais as mesmas meninas que se vestem igual e gostam das mesmas coisas. Mas pelo menos uma coisa elas ainda têm em comum: o amor que sentem umas pelas outras. Ah, e elas ainda são inseparáveis! Facebook tá aí pra isso!