O ano mal começou e já se ouve por aí infinitas teorias sobre o fim do mundo. Era de se esperar, já que há anos, muita gente teme 2012. É claro que tudo não passa de especulação, e ninguém sabe de verdade o dia em que o mundo vai acabar – se um dia ele acabar, não é? Mas, acreditando ou não na força destruidora da natureza, estamos presenciando um momento bem difícil, que vem acontecendo todo ano, independente do que os Maias disseram ou não. Enchentes, deslizamentos de terra, temporais. Ora, é tamanha a força da natureza que não podemos lutar contra ela. Mas porque ela parece estar contra nós? Uma coisa é certa: ela teria razão se estivesse. Estivemos contra ela desde o começo dos tempos, e a cada passo, parecemos não enxergar que ela já estava aqui antes de chegarmos derrubando tudo, plantando concreto no lugar de árvores. Ela só está mostrando que, de alguma forma, tudo ainda pode pertencer à ela. “E o que a gente tem com isso?”, você deve estar se perguntando, já que é fato que não temos meios de pará-la? Bem, nós temos tudo a ver com isso.
É espantosa a quantidade de lixo que desce junto com a correnteza, na época de cheia, e é inacreditável o número de pessoas que caem na risada quando vêem uma geladeira boiando rio afora. É assim que acontece com algumas pessoas: não tem conserto mais? Então joga na rio! Chupa uma bala, joga o papel na rua. Toma um refrigerante, joga a latinha no chão. Come uma banana, joga a casca por aí. Qual é o problema, né? É uma coisinha de nada, e é orgânico mesmo! É orgânico, mas é lixo. É algo que vai fazer o rio subir ainda mais e levar a sujeira pra dentro da casa dos outros, que vão perder suas coisas e sua moradia. Isso não é uma coisinha de nada para eles.
Se não adianta mais dizer “pense no próximo”, pelo menos, vamos pensar em nós mesmos. Como somos minúsculos, nesse planeta gigante, como nada do que possamos fazer, é grande o suficiente para impedir a chuva, o terremoto, o tsunami. Mas pensemos também que temos a capacidade de fazer muito, mesmo fazendo pouco, e em como estamos aproveitando a oportunidade para fazer tudo errado. Pensar que não é da nossa conta, que um lixo jogado na rua não faz diferença, é um erro muito comum e, mais ainda, perigoso. Talvez aquele papel de bala não fez uma catástrofe acontecer, mas com certeza, ele teve uma parcela nisso. E o pior, nós todos temos uma parcela nisso. Meu avô costumava dizer que se todo o lixo que jogamos na rua voltasse para nossa casa, estaríamos entulhados até o teto! Será que se colecionássemos atitudes boas, elas não encheriam nossa casa de volta? Talvez, mas só saberíamos se tentássemos de verdade. E por que não tentar?
Aquela velha história de que o que vai volta, não faça com o outro o que não gostaria que fizesse com você, ainda está completamente correta. Ora, e não é que a natureza resolveu devolver o que temos feito com ela há anos, aos poucos? É, ela tem razão. Mas nunca é tarde para começar a tratá-la bem, quem sabe, ela não nos livra dessa, a tempo?