Desde 2009 o blog tem me proporcionado experiências incríveis. Quem me acompanha a um tempinho sabe muito bem que até outro dia mesmo, eu era uma garota tímida do interior de Minas Gerais que conhecia pouco do mundo e das pessoas. Nunca imaginei que em tão pouco tempo, a vida me daria de presente a realização dos meus maiores sonhos. Sei que muita gente batalha por isso há anos, então acho que fui privilegiada por conseguir conquistar meu próprio espaço fazendo – do meu jeito – aquilo que amo de verdade: escrever e conhecer o mundo.
Por mais que exista uma espécie de revolta com o privilégio que, às vezes, alguns blogueiros recebem, ainda acredito e gosto muito desse espaço que conquistamos nos últimos anos, tanto nas mídias online quanto na offline.
Acredito que isso é mais uma prova de que a internet é democrática e para se destacar, ao contrário de muitos outros canais, você não necessariamente precisa ser de família nobre ou seguir um padrão de beleza. Basta ser criativo e fazer (FAZER mesmo) algo de um jeito diferente. Mesmo que um milhão de pessoas já tenham feito antes.
Por que eu tô contando tudo isso? Porque estou prestes a compartilhar com vocês mais uma aventura incrível que vivi essa semana.
Na última quarta, o pessoal da FOX me convidou para assistir a comédia romântica “Ruby Sparks – A namorada perfeita”. Depois de uma tarde na sede da empresa com alguns jornalistas de grandes veículos nacionais, descobri que teria o privilégio de embarcar no outro dia cedinho para o Rio de Janeiro. Os diretores do filme, Jonathan Dayton e Valerie Faris, os mesmos de Pequena Miss Sunshine, seriam entrevistados por… adivinha quem? quem? euzinha aqui! hehe
Confesso que na hora fiquei morrendo de medo. Afinal de contas, ainda não falo inglês tão bem e essa seria minha primeira entrevista de verdade. Imagina só, começar com um casal (eles são marido e mulher, legal né?) que produziu um dos filmes mais incríveis que assisti na minha infância. Muito sonho, né? Pois como todas os outros desafios que apareceram nos últimos dias, aceitei.
Ruby Sparks é uma comédia romântica diferente das últimas que assisti esse ano. Entrou para minha lista de 5 melhores filmes que já vi na vida. Talvez porque eu tenha me identificado pra carmba com os personagens principais. Calvin, o escritor com bloqueio criativo e Ruby, a garota ruiva que saiu das páginas escritas pelo cara.
A história começa em um sonho do autor. Ruby, interpretada pela atriz Zoe Kazan (que foi também a escritora do filme), aparece linda caminhando contra a luz e fazendo com que todo mundo, não só Calvin, se apaixone já de cara pela personagem.
Calvin acorda e se depara com a realidade: depois de escrever seu primeiro livro que foi um grande sucesso nacional, o cara, que é todo tímido e nerd, não consegue mais escrever. Vive o tão temido bloqueio criativo. Depois de mais uma visita ao psicólogo, começa a sonhar e escrever diariamente sobre a garota dos seus sonhos. Literalmente. Calvin a torna a personagem principal do livro e o mais incrível, se apaixona por ela e sente de vontade de escrever 24 horas por dia. Afinal de contas, essa é a única maneira de ficar perto dela, certo? Quase.
Em um belo dia Calvin acorda e se depara com a ruiva, em carne e osso, preparando um café da manhã. E é aí que a história começa de verdade. Será que é só imaginação? Será que o cara tem um super poder? Será que ele vai conseguir controlar a namorada perfeito como pode fazer com sua personagem? Bom, isso a gente só descobre assistindo o filme até o final. Ou claro, continuando esse post e lendo a entrevista com os diretores da obra.
Jonathan Dayton e Valerie Faris estavam no hotel Windsor, em Copacabana. Cheguei de viagem bem cedo, com a assessora de impressa da Fox, e aguardei alguns minutos em uma sala ao lado da deles. Nesse momento eu estava sentindo aquela tradicional sensação de frio na barriga que aparece toda vez que vamos fazer algo inesquecível. Organizei minhas folhas na mesa, tirei a câmera da bolsa e ajeitei meu cabelo no espelho. Alguém abriu a porta e disse que era minha vez.
Entrei na sala, que tinha uma mesa enorme de madeira e um cartaz do filme, bem rápido. Sabia que só tinha quinze minutos com o casal de diretores e queria passar o maior tempo possível fazendo perguntas. Ou tentando.
Na madrugada anterior, no youtube, assisti algumas entrevistas do casal. Queria ter a certeza que minhas perguntas não eram exatamente as mesmas que a de todos os outros jornalistas. Imagino que não deve ser tão legal ficar respondendo absolutamente a mesma coisa 30 vezes por dia durante meses, né?
Acho que o mais incrível de conhecer pessoalmente profissionais assim é que você percebe que eles são pessoas exatamente como você. Às vezes a gente alimenta tanto uma imagem de alguém, e no final das contos, pessoalmente, somos todos de carne osso e claro, no caso deles, muita criatividade e talento.
Cumprimentei o casal e logo fiz questão de pedir desculpas por não saber a língua deles também. Sabe o que responderam? “Tudo bem querida, a gente também não sabe português! hehe” Sentei, peguei a folha com as perguntas, e com a ajuda da Regina, comecei a entrevista.
O filme levanta uma questão que talvez seja o motivo do término de muitos relacionamentos. Controlar ou não controlar quem amamos? Na opinião de vocês, existe um limite? Um deve mudar pelo outro ou temos que conviver com as diferenças e aceitar que não existe ninguém perfeito?
Valerie: Eu acredito que não existem regras. Você apenas tem que respeitar a pessoa que ama. Os erros, os acertos, enfim, a personalidade. Não esperar a perfeição.
Jonathan: Todo relacionamento começa com ficção. Nos projetamos a pessoa em nossa mente e aos poucos, vamos conhecendo quem ela realmente é. A transição, a maneira que descobrimos isso, é o que nos faz estar ou não apaixonados.
Valerie: É mais interessante quando não conseguimos controlar a pessoa. O que acontece na história, com Calvin, é que ele percebe que poder mudar quem ele ama é absolutamente entediante.
Achei incrível o fato da escritora do filme também fazer o papel de atriz e ainda principal. Confesso que me tornei uma grande fã da Zoe. Queria muito saber: Isso atrapalha ou ajuda? Quais são os pontos negativos e positivos?
Jonathan: Ajudou. Nós trabalhamos com Zoe durante 9 meses. Enquanto ela era a escritora, era a escritora. Depois foi apenas a atriz, entende? Isso é bem importante.
Valeria: Acho que tanto o Paul (ator que fez o Calvin) quanto a Zoe estavam muito envolvidos nesse projeto. Eles são namorados na vida real, então isso é uma coisa boa para os diretores, porque o sentimento transparece. As pessoas sentem que é de verdade. É uma pena eles não estarem aqui. Nós nos divertimos bastante trabalhando com eles.
Na última cena me emocionei bastante. Acho que foi quando finalmente entendi o motivo do filme, sabe? A mensagem que com certeza levarei pra minha vida é que: independente de como as coisas acontecem, é preciso deixar o outro livre para ser e agir como bem entender. Essa é justamente a graça de conviver e se envolver com alguém. Aceitar e deixar as diferenças transformarem naturalmente o ambiente (e não correr para a máquina de escrever e tentar mudar o outro). Tirei conclusões erradas? Essa era a mensagem que vocês tinham pensado quando trabalharam juntos no projeto?
(Nessa momento Valerie viu o tamanho das perguntas e falou: Wow! Você realmente é uma escritora! hehe)
Jonathan: Exatamente isso. As últimas palavras que Ruby diz é exatamente o que queremos passar com o filme. Calvin finalmente aprende que o segredo não é controlar, é deixar a vida surpreender.
Valerie: Não acredito que o filme tenha uma mensagem certa. Acho que nós só queríamos que as pessoas encontrassem e tirassem das cenas o melhor para suas vidas. Sabe, nós temos aquela mania de controlar tudo e é interessante criar um projeto que explore exatamente isso.
Quando vocês estão passando por esse momento de bloqueio criativo, como Calvin, o que vocês costumam fazer? Alguma dica para escritores iniciantes?
Jonathan: Ouvir música.
Valerie: Acho que no geral, fazer coisas que inspiram: assistir filmes, caminhar e ouvir pessoas de verdade na rua, dirigir ouvido músicas com boas letras.
Depois da entrevista tiramos algumas fotos e na hora de autografar o poster, Valeria fez questão de escrever um bilhete desejando boa sorte com o meu livro. Não é uma fofa, gente? Gostei muito da experiência. Os diretores foram incríveis e me fizeram gostar ainda mais do filme, que estará em cartaz no Festival do Rio a partir desta sexta-feira e estreia nos cinemas nacionais dia 12 de outubro.
DICA: Se curtiu a entrevista, fica de olho na página da Fox Film no Google +. Vai rolar Hang Out com os diretores hoje, dia 28 de setembro, às 16h horário de Brasília. Os diretores responderão perguntas ao vivo, feitas pelos internautas.