Você tinha mesmo que aparecer com aquela sua camisa pólo que dizia “olha como eu estou mais bonita agora!”, não é? Você sabe que ela ainda tem o nosso cheiro e não, eu não estou pronta para me desfazer de você ainda. Então por que você me chamou para sairmos naquela noite? Justo naquela noite de sábado triste e vazia? Por que você resolveu aparecer com aquele seu sorriso canto de boca que diz que é só eu chamar que você vem? Com aquele seu charme e seu jeito que diz que você simplesmente não vale o chão que você pisa e muito menos dá valor aos corações que freqüenta.
Foram tantos, não é? E eu me pergunto aqui o que de fato você faz com todos eles. Deduzo eu que você tenha um depósito que muito mais que acumular presentes, nele você guarda cada um dos corações que recebe. E eu aposto o meu coração (que por sinal, não foi entregue a ti) que você nem sequer guarda todos os outros com devido cuidado e não sabe nem sequer quem são as respectivas donas.
Não sei como você ainda consegue arrancar o sorriso de tantas por aí. Conquistar tantas, encantar tantas. Se perder entre tantas garotas. Já parou para pensar se fosse ao contrário? Dê-me seu sorriso que em troca eu te devolvo uma lágrima. Não, você não ia gostar. Mas acontece, meu bem, que apesar de tudo você deixou um mísero aprendizado: Caras como você me ensinaram o quanto pessoas assim não merecem o mínimo do respeito de qualquer garota, mas acabam seduzindo por aquela conversa boa de fala mansa ao pé do ouvido. Você realmente sabe como fazer isso e eu, já no meu limite, cheguei ao máximo que alguém pode agüentar. Eu resisti e salvei o que tinha de mais precioso por aqui. E é engraçado ver como você, delicadamente, tentou me reconquistar e nem sequer conseguiu.
Sutileza não deveria ser seu segundo nome, mas acontece que é. Você aparece na minha porta, me pede para olhar as estrelas, tenta me roubar um beijo e me chama para darmos uma volta. Já conheço o filme, meu bem. Eu já li esse livro antes. E eu recusei seu convite naquela noite. E senti-me a garota mais orgulhosa do mundo por manter a voz firme e dizer um “não, estou muito ocupada”. Você me olhou surpreso. Tentou mais um beijo e eu não pude resistir. No meio daquele beijo simples e vazio, dei uma risada interna porque agora era você quem estava encantado demais para abrir mão de mim. Você me olhou, deu um sorriso e eu disse “tchau”.
Odiei a sensação que ficou em mim depois. Odiei te ver entrado naquele carro certo que iria atrás de outra garota para salvar sua noite. Odiei saber que eu me arrependi com todas as minhas forças por não ter me entregado mesmo que soubesse que por fim eu ficaria em casa lamentando. Mas acontece que eu amei o gostinho de vingança que restou em mim depois. E, meu querido, te espero na semana que vem. Aparece com aquela sua blusa branca da próxima vez, viu? Aquela que eu deixei uma marca de batom na semana passada.