Você me doeu. É que de todos os outros, você foi o que mais conseguiu balançar tudo aqui dentro. E eu entreguei meu coração inteirinho nas suas mãos, sem cuidado nenhum, sem receio de que você fosse quebrá-lo. E quebrou. Virou pedacinhos, deixou buracos que cola nenhuma vai tampar. O pior de tudo é saber que você nunca mais vai servir de cola para juntar meus pedaços e nunca mais vai conseguir preencher os vazios que você mesmo deixou.
Depois que você bateu a porta, nunca mais olhou para trás. Nunca mais quis saber se eu estava bem, se havia sobrevivido. Sobrevivi, ainda que tenha doído. Sobrevivi, ainda que não soubesse o que fazer depois que você passou. Só me sobrou recolher meus cacos e jogar fora todas as promessas quebradas que você deixou.
Um dia, você me disse que estaria sempre aqui, e eu, boba, deixei seu espaço reservado na minha vida. Você falou que caminharia ao meu lado, e eu corri para entrelaçar minha mão na sua e acompanhar seus passos. Prometeu que realizaria meus sonhos e eu planejei minhas vitórias com você no pódio. Você olhou nos meus olhos e jurou de pés juntos que me faria feliz. Era só mais uma das suas mentiras.
Eu ainda lembro bem da sua cara de pau em cada uma das vezes que me jurou fidelidade. Em cada um dos abraços que me dava e dizia que eu era tudo o que você sempre sonhou. Em todos os beijos que me deu e disse que nunca havia sido melhor. Em cada uma das vezes que me vendeu ilusões fajutas de que era você o meu tão esperado príncipe encantado. Até me provar que não era.
Eu acreditava em você. Ouviu bem? Eu acreditava muito em você. Ridiculamente, comprava as suas promessas. Confiava na sua palavra. Imaginava o futuro que você jurava para mim. Eu confiei em você, acreditei no seu amor. Ah, o seu amor. De todas as mentiras, essa foi a que mais machucou: jurar que me amava. Quando você nunca amou.