Muitas vezes a vida nos dá uma rasteira. A gente cai, machuca as costas, rala o cotovelo e esfola o joelho. E as lágrimas saem pretas, pois o rímel fica todo borrado. Nos sentimos num beco no qual a saída é inexistente. E, se existe, esqueceram de nos entregar um mapa com as coordenadas.
Quando algo dá errado, parece que todo o resto resolve dar errado também. Ao mesmo tempo. No mesmo momento. Naquele exato minuto. Oh, oh, o que está havendo? Sim, o fundo do poço tem porão. E subsolo. Se está acontecendo um problemão no trabalho, parece que o namorado resolve ficar chato, a mãe começa a cobrar a tua presença, os amigos parecem que estão sempre ocupados demais. Dá a sensação de que o mundo inteiro resolveu te apontar o dedo e dizer: nada dará certo. Vira tudo uma grande meleca. E ninguém quer nos explicar como sair dela.
Vocês terminaram o namoro. No dia seguinte, tu vai ao médico e, bingo, qual o nome dele? João. Tá andando na rua e escuta alguém gritando “Joãoooooo”. Na fila do supermercado, João. João. João. Parece que todo mundo resolveu ter o mesmo nome do ex. Nossa, nunca vi tantos carros verde esmeralda, do mesmo modelo que o dele! De hora em hora toca a nossa música no rádio. Parece até conspiração, certo? Errado.
Tudo depende do nosso ponto de vista. Se olharmos com cara feia pra vida, ela vai nos retribuir da mesma forma. Vai nos dar o troco. Não existe conspiração internacional. João? Tem muitos. Carros verde esmeralda? Diversos. A música toca a todo instante? Sim. É que tu nunca tinha percebido isso…até ficar sem o João. Se o problemão no trabalho te afetou, com certeza vais ficar mais sensível…isso faz com que veja tudo sob outro prisma. Se achar que está tudo ruim, tudo ficará ruim mesmo.
Quando tudo está semi-perdido temos que buscar uma pontinha-aquela pontinha-de perseverança. As coisas mudam. Pra melhor. Basta querermos. Pra isso acontecer a gente tem que acreditar na gente. Always. Em primeiríssimo lugar. Para todo o sempre. Se nem a gente tem fé na gente, quem terá? Sim, é um papo otimista. Mas verdadeiro.
Grande parte das nossas frustrações acontecem quando a gente espera que o outro tenha as mesmas atitudes que nós teríamos em determinada situação. Mas o outro é somente o outro. Ninguém é igual a ninguém. E nunca será. E pra nos ajudar a sair do fundo do poço, porão ou subsolo…só a gente mesmo. O outro, por mais que te ame e queira teu bem, não pode fazer isso por ti. Nem que ele quisesse.
Quer saber quem escreveu esse texto? Clarissa é Clarissa porque um dia a dona Clara leu um livro e decidiu que assim seria. E assim foi. Depois de passar pelas faculdades de Direito e Psicologia, decidiu fazer o que mais ama: escrever. Concluiu o curso Formação de Escritores e Agentes Literários, na Unisinos. Escreve crônicas, contos, receitas, bilhetes, cartas, cartões, títulos, textos e, se bobear, até bula de remédio. É redatora publicitária e autora do livro de crônicas “Um pouco do resto”. Acompanhe em @clariscorrea e www.clarissacorrea.com.
*Na tag “entre aspas” divulgamos textos de autores brasileiros. Escreve? Deixe seu link nos comentários. Quem sabe seu trabalho não aparece aqui no blog Depois Dos Quinze?