Não, a frase não é exatamente assim (We accept the love we think we deserve – de “As vantagens de ser invisível), mas acho que tudo começa por aí. Com sinceridade, quanto amor você sente por si mesmo? Acho que essa é a primeira coisa que deveríamos nos questionar quando reclamamos que só amor meia-boca nos aparece. Só cara errado, que pisa em nossos sentimentos e não valoriza nossos esforços. Mas e a gente? O quanto a gente se valoriza?
Quanto mais eu olho ao redor, mais eu vejo a gente se amando de menos. Mais eu vejo a gente se encaixando em modelos perfeitinhos para ser admirado pelo o outro. Mais eu vejo a gente calando nosso jeito para encontrar a tal pessoa ideal. Mais eu vejo a gente aceitando qualquer coisa que apareça por aí, até desamor. Acontece que quando a gente não se destina a devida quantidade de amor, a gente recebe dos outros qualquer migalhazinha de carinho e acha que está bom. A gente recebe qualquer sentimentozinho xoxo e fica contente. A gente é destratado e acha que está ok. Acho válido começarmos a espalhar por aí: mais amor, por favor. Só que amor próprio.
Mais amor próprio para a gente parar de aceitar tiquinhos de atenção. Para parar de se machucar tentando ultrapassar nossos próprios limites. Para saber bem a hora de parar e desistir de alguém que sequer tenta nos fazer feliz. Porque é preciso um bocado de amor para a gente entender que não precisa aceitar qualquer sinalzinho de sentimento, em um desespero angustiante de ser amado por alguém. Aliás, que desespero é esse que anda invadindo peitos por aí de ser amado por alguém?
A gente se ama do jeito que acha que merece. E andamos achando que merecemos bem pouco, para sermos sinceros. Temos dado pouco carinho a nós mesmos e distribuído amores intensos a qualquer pessoa que aparece. Mais amor próprio, por favor. Porque quando a gente começar a respeitar, de verdade, o próprio reflexo do espelho, talvez, aí sim, a gente mereça do outro um amor bem maior do que anda nos aparecendo. Então: mais amor, amigo. Por si mesmo.