você está lendo Sou uma garota pra ficar

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Logo que mudei pra São Paulo, em uma das tradicionais conversas no sofá da sala com minha antiga roomate, chegamos pela primeira vez no assunto relacionamento. Eu tinha acabado de terminar um namoro de dois anos e estava louca para desabafar. Talvez o papo tenha começado com um simples “hoje no meu trabalho meu chefe…” e minutos depois, lá estávamos nós tricotando sobre o amor e suas peripécias. Aliás, acho difícil uma conversa entre duas garotas não cair nessa pauta, viu? Todo mundo tem um conselho pra dar ou uma boa história pra compartilhar.

*coloca alguma música do John Mayer pra tocar*

Nós pensávamos diferente e por incrível que pareça, essa era a parte mais legal dos diálogos. Eu costumava ser muito romântica e ver alguém encarar o amor de outra forma, mais leve e desapegada, me deixava meio intrigada. Nunca busquei um relacionamento típico de contos de fada com príncipe encantado e cavalo branco, mas quando o assunto é se relacionar com alguém normalmente levo a coisa toda muito a sério. Mergulho de cabeça, transformo sentimentos em palavras e ainda compartilho músicas fofinhas nas redes sociais. Não sei se isso tudo é uma característica minha, da forma que fui criada ou do lugar em que nasci (interior de Minas, uai!). Sempre foi assim e pronto. Não passou pela minha cabeça mudar porque as pessoas que ando agora, geralmente mais velhas, pensam diferente. Eu não acho que estava errada e ela certa ou vice-versa. Nós apenas vivíamos fases diferentes da vida.

Fases. Guardem essa palavra.

Lembrei dessa história quando vi a polêmica do “garota pra ficar ou namorar” rolando nas redes sociais. Sou colunista na Capricho e óbvio que várias pessoas me mandaram o link da matéria pedindo uma opinião. Então toma!

A teoria é bonita, principalmente quanto tentam exemplificar na ficção, mas na prática e no mundo mundo real, onde os relacionamentos duram mais que duas ou três horas (e temporadas), não existem mulheres ideais. Seguir um script é besteira, sabe? Pessoas não são como peças de roupa que precisam de etiquetas para serem diferenciadas. Os nossos valores reais estão nas atitudes que tomamos, naquilo que acreditamos e nos outros detalhes que deixamos o outro conhecer aos pouquinhos. Somos todos, mulheres e homens também, um mix de lembranças, dramas e sonhos. É maldade deixar que nos dividam em categorias.

Os rótulos nos limitam e se transformam em muros de concreto. Essa estrutura, para muitos completamente invisível, nos separam de quem poderia ser o amor da nossa vida ou sei lá, um excelente amigo ou amiga. Já vi essa situação acontecer tantas vezes ao meu redor.

Who cares com tudo isso quando o coração tá batendo mais forte ou a luz do quarto tá apagada? Meus caros, a vida é tão curta pra gente ficar se importando tanto com o que vão pensar. Sabe o que eu descobri dia desses? No final das contas, as pessoas enxergam o que querem enxergar.

Hunf.

Você acha que me conhece porque me viu vestindo tal roupa? Acha que me conhece porque me viu dançar até acenderem a luz da balada? Acha que me conhece porque naquele dia eu não estava afim de papo? Então sai pra lá agora mesmo com seus achismos e tanta ingenuidade. Não sei nadinha sobre você, isso é verdade, mas posso dar um conselho de amiga? São apenas fases. Você tá em uma, eu to em outra. Get over it.

Ah, e antes que eu me esqueça, sou sim uma garota pra ficar. E se tudo der certo e o cara me fizer feliz na maior parte do tempo, pasme, namorar também. Meu jeitinho.