O valor das coisas

07 de outubro de 2013
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Durante o último mês estive em alguns estados para lançar o meu segundo livro. Gosto de viajar e conhecer lugares novos, mas quando vou a trabalho, é sempre muito corrido e exaustivo. Principalmente porque fico ansiosa na véspera e não consigo dormir direito. Tenho a péssima mania de deixar tudo pra última hora e acabo só fazendo as malas durante a madrugada que antecede o embarque. É óbvio que isso sempre me faz deixar algo importante pra trás ou levar coisas sem necessidade alguma. Por exemplo, da última vez, levei meu óculos de sol preferido na bolsa. Assim, sem querer. Por que isso é um problema? Não notei que ele estava lá e coloquei um monte de coisas junto. Resultado? Sim, ele quebrou de um jeito que não dá pra consertar. Meleca!

É só um óculos, eu sei, mas fiquei chateada pois aquele era o único modelo que combinava com qualquer look e escondia milhas olheiras nas manhãs de domingo quando vou almoçar sozinha no shopping, por isso mesmo ele nunca saia da minha bolsa. Um óculos baratinho, comprado por poucos dólares em alguma fast fashion gringa, que infelizmente já deve até ter saído de linha. Na hora fiquei com raiva de mim, por ser tão descuidada e atrapalhada. Não é a primeira vez que isso acontece, sabe? Semana passada quebrei sem querer meu anel da sorte. Ele era em forma de uma borboleta, que coitada, acabou ficando sem asas quando acidentalmente caiu do vigésimo andar. Mais uma vez, admito, a culpa foi toda minha.

Pode parecer besteira, mas tudo isso me fez pensar no valor e na importância que dou para certas coisas na minha vida. É uma analogia besta, mas acho que não acontece só comigo. Quando algo que gostamos está sempre a nossa disposição, acabamos nos acostumando com isso e por comodidade, esquecemos de demonstrar o quanto aquilo é importante e tomar o cuidado necessário. A desvantagem de ser assim, tão distraída, é que só nos damos conta, quando nos damos conta, que algo era importante no momento em que o perdemos de vez. Isso vale para objetos, mas também para momentos e pessoas importantes.

Sabe aquela história clichê em que a garota só se da conta do quanto o amigo é especial quando ele se apaixona por outra garota do colégio? Ou quando ela para de investir em um relacionamento porque o cara já está apaixonado e semanas depois ele aparece dizendo que quer terminar ou dar um tempo? É sempre assim. Não existem garantias ou promessas que durem pra sempre. Precisamos continuar lutando por aquilo que acreditamos. Já dizia o pequeno príncipe, “somos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos”.

Pare pra pensar um pouquinho e sempre que der, se coloque no lugar do outro. A vida de todo mundo tem sido corrida, cheia de problemas e neuras que ninguém entenderia, mas ainda vale a pena valorizar e separar um tempo para o que realmente nos faz feliz – e não apenas aquilo que achamos que nos faz ou um diz nos fez. Um objeto, um diálogo ou uma atitude que surpreenda. Para quem realmente se importa, os pequenos detalhes fazem toda diferença.