você está lendo E o futuro, como vai ser?

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Lembro que eu costumava ter muitas dúvidas antes de entrar na faculdade: eu ia passar?; eu iria gostar do curso?; as pessoas seriam legais?; eu me daria bem com os professores?; conseguiria um estágio logo?; ficaria de DP?. Eu pensava nas coisas milimetricamente e tentava listar todos os problemas que eu poderia ter.

Os dias passaram e eu acabei entrando em uma faculdade e as coisas seguiram seu fluxo normal. Conheci pessoas, fiz amigos, adorei e odiei professores, arranjei estágios legais, consegui passar nas matérias e chegar ao tão sonhado último ano. Pensei em desistir nos momentos difíceis? Sim, até eu quis jogar tudo para o alto uma vez ou outra. Mas tô aqui.

Passei os últimos meses todos pensando no meu TCC. E enquanto pensava em documentários, vídeos, áudios e entrevistas, me vi pensando num futuro tão próximo e tão longe que parece quase irreal. Vai dar tudo certo na banca? A gente vai tirar uma nota boa? A formatura vai ser legal? O que eu farei no ano que vem? Aliás, “o que eu farei no ano que vem?” tem sido uma dessas dúvidas que assustam mais que tudo na vida. Parece um tapa na cara: e aí, como vai ser o futuro?

Já vi alguns amigos passarem por isso. E, por incrível que pareça, estão aí, vivinhos da Silva. Porque, na real, crescer dá dor de cabeça, é cansativo e, às vezes, até chato. Mas a gente cresce e nem vê. Engata a primeira e vai. Acaba entrando no automático e aprende, muitas vezes, no tranco. Mas cresce, sabe? Chora um pouco, grita, esperneia, bate o pé, mas cresce. E continua vivo.

E foi por isso que abandonei minhas neuras. Imaginar detalhadamente cada problema que pode acontecer é cansativo e nos faz deixar de pensar no momento que realmente importa: aqui e agora. Afinal, o que é o futuro além do reflexo das nossas escolhas no presente? E o que eu aprendi com os últimos tempos é que, ainda que com medo, a gente acaba sobrevivendo aos desafios. E fica até feliz em encará-los e superá-los.

E aí, no fim das contas, crescer pode até doer, mas não é um bicho de sete cabeças. Eu sei, dá medo do que a gente não conhece, eu sinto isso quase o tempo todo. Mas monstruosa de verdade é a expectativa neurótica do “como será?”. Na boa? Deixa o futuro vir, se esforça pra conquistar o que quer e boa sorte. Agora, ficar neurótico pensando em problemas que ainda nem chegaram a acontecer? Isso sim, não minto, pode ser apavorante.