Foto via: margaretdurow
Hoje em dia, por um lado, se fala tanto em auto-aceitação, auto-estima e em como a gente deve se aceitar do jeito que é. Por outro lado, nos bombardeiam com dietas milagrosas, chás e tratamentos, nos forçando a sermos magras a qualquer custo. Foi aí que comecei a pensar na minha história e em como eu me vi no espelho durante toda a minha vida. Eu nunca fui magra, já fiz vários tratamentos para emagrecer, usei remédios para controlar o apetite, emagreci e engordei tudo de novo. Tomava mais remédios, e fazia qualquer coisa que me prometesse perder alguns quilinhos, isso porque ser gorda era pior do que qualquer outra coisa.
Durante os últimos anos eu passei me odiando e me culpando por nunca conseguir resistir ao meu doce favorito ou à macarronada que minha mãe fazia no domingo. Sempre que me chamavam para ir à praia, eu dizia: “Vamos sim, espera só eu perder uns 10 quilos!”, ou qualquer outro programa que envolvesse piscina, ar livre ou festa em que tivesse que usar um vestido. Era sempre uma tortura, eu nunca estava bonita o suficiente. Criei um blog e prometi que começaria a gravar vídeos, mas só quando eu tivesse magra, pois não poderia aparecer com uma cara desse tamanho na tela. A minha vida começou a girar em torno de uma magreza que ainda não existia e eu percebi que estava deixando de aproveitar a vida.
Sei que não é fácil se aceitar exatamente do jeito que a gente é, sempre dá para mudar alguma coisa. Mas é como diz aquela frase, só depois de se aceitar podemos realmente ver o que pode ser mudado. E aos poucos eu fui tentando superar o fato de que eu nunca seria perfeita. Acho muito importante que as pessoas se cuidem, façam exercícios, comam de forma saudável, até porque nossa saúde exige isso. Mas porque se torturar e deixar de fazer certas coisas, simplesmente porque você não acha que se encaixa naquele padrão de corpo? O melhor de tudo é começar a fazer tudo aquilo que sempre tive vontade de fazer, vou ir à praia, vou gravar vídeos, vou aparecer em fotos sem photoshop, porque essa sou eu e não importa o que os outros pensem ou falem de mim. Até porque, acredito que a única pessoa que realmente repara no meu corpo, sou eu mesma. Eu vou mudar sim, mas não vou mais me torturar. Quando as coisas acontecem de forma natural e espontânea, terão efeito a longo prazo.
Às vezes, ficamos criando discursos e querendo lutar contra o preconceito, a favor dos outros. Ninguém gosta de preconceito, ninguém quer sofrer preconceito. Mas será que ante disso, não seria necessário eliminar o preconceito que existe contra nós mesmos?