Era um dia de tédio e eu resolvi colocar pra tocar uma playlist meio velhinha do meu iTunes. Acho que eu a fiz quando estava no começo da faculdade, naquela época em que a gente quer sair, dançar, beber e não pensar sobre o que vem depois. Foi então que caí numa música da Ida Maria chamada“I like you so much better when you’re naked”. Excelente batida, perfeita pra dançar e curtir com as amigas. Curiosamente, a letra é muito mais do que parece.
Nas minhas pirações sobre a música, cheguei à conclusão de que ela representa um termômetro do relacionamento.Pense no que você mais gosta no seu namoro: É o papo? É o sexo? São momentos onde vocês não fazem nada de especial? É o beijo? Beijo de bom dia ou beijo apaixonado, tipo final feliz de filme? Se a resposta foi algo ~carnal~, tenho más notícias…
Não me entenda mal, a parte sexual do relacionamento deve sim, ser incrível. Deve te fazer espremer os olhos de alegria e apertar qualquer coisa que sua mão toque (o lençol, a pele, o cabelo). Mas se essa é a parte MAIS gostosa, então é porque existem falhas em coisas que são vitais pra um namoro duradouro: companheirismo, amizade, interesses em comum, humor, e por aí vai. Aquele dia em que vocês foram ao cinema e riram juntos, ou uma tarde no parque só curtindo o canto dos passarinhos deveria ser a lembrança campeã quando se pensa no namoro. Ok, uma noite quente pode ser muito marcante também, mas se sua biblioteca de memórias só tem beijos incríveis ou transas maravilhosas, isso pode ser o sintoma de um relacionamento frágil, que vai ser lindo enquanto durar, mas não por muito tempo.
Além disso, parece que existe uma “cultura do sofrimento”, onde as mulheres acreditam que é preciso sofrer pra ser amada. Ou seja, se o cara é incrível na cama, mas te trai frequentemente ou te agride fisicamente, tudo bem. Você tem que engolir isso, porque nada vem sem sacrifício, certo? Erradíssimo! Chega de confundir problemas reais e normais de uma vida a dois com “apesar de ele ser um canalha, um dia vai parar com isso e poderemos nos amar e ser felizes”. Algumas coisas são passageiras, sim. Mas tem aspectos que são inerentes ao outro e por mais que a gente sofra, implore ou reze, aquilo nunca vai mudar.
E então aqui estou eu, no final da música e pensando que fiz uma análise tão vertical sobre a letra que talvez nem a própria compositora tenha pensado nisso. Pode ser que tenha sido só uma rima legal e que fazia as garotas quererem dançar. Pode ser. Às vezes é o que a gente precisa mesmo, pra depois poder pensar com clareza.