Você está prestes a sair para um compromisso que planejou por dias. Escolheu a melhor roupa, fez todos os seus truques de maquiagem, passou batom vermelho para chamar atenção. E então, minutos antes de sair, esbarra os olhos no próprio reflexo. Pronto. Tudo vai por água abaixo. Você pensa: estou feia. E a coisa só piora quando você chega a terrível (e equivocada) conclusão de que não apenas está feia, mas é assim.
Autoestima é uma coisa complicada. Para todo mundo. A primeira coisa que nos vem à cabeça quando esta palavra é citada em uma conversa é a monstruosa imagem do espelho. Se estamos falando da sofrida fase da adolescência, então, o problema se multiplica. A gente encarna uma bruxa da Branca de Neve às avessas e questiona sem parar: espelho, espelho meu, há alguém no mundo mais feio do que eu?
No dicionário, autoestima está assim: a aceitação que o indivíduo tem de si mesmo. Nada de aparência na definição. Nada de “outros” também. É autoexplicativo: trata-se do acordo silencioso que você faz consigo mesmo de que é um cara bacana, uma menina legal, uma pessoa bonita, alguém que merece todo o carinho, cuidado e, principalmente, todo o respeito do mundo (dos outros e de si mesmo).
Na teoria é fácil, é claro. A gente acorda, se olha no espelho e, ainda que de cara lavada, acredita piamente que ali está o reflexo de uma pessoa maravilhosa. Na prática, são outros quinhentos. Há as espinhas, os aparelhos, as gordurinhas, os pneusinhos, as celulites, as estrias, o cabelo que não obedece, o nariz grande demais, a altura exagerada, as paranoias, os defeitos que só a gente vê, as neuras, as neuras, as neuras, as neuras…
Pior de tudo é que, no mundo real, a maioria de nós precisa não só da aceitação interna, mas também a aceitação de todas as pessoas que vivem ao nosso redor. E, de vez em quando, as pessoas são cruéis. E dizem coisas que machucam. E chamam as outras pessoas de gordas, girafas, narigudas. E dizem que você não deveria usar tal saia porque seu quadril é grande demais. Porque está destacando sua barriga. Porque deixa você menor.
No fundo, no fundo, a verdade é que a gente cresce querendo buscar a perfeição. E, como a gente nunca consegue alcançá-la, a gente acaba apontando o dedo para os outros. E, enquanto aponta no outro aquilo que, supostamente, é imperfeito, acabamos apontando, pelo menos, outros três dedos para nós mesmos e nossos próprios “defeitos”.
Até que um dia você repara que perfeição não existe. Todo mundo tem falhas, todo mundo erra, todo mundo acha um cabelo branco uma vez na vida, vai mal em alguma prova, recebe uma medalha de bronze no lugar de uma medalha de ouro. Acontece com todo mundo. Um dia a gente acorda se achando linda, no outro nem tanto assim. Um dia a gente ganha, no outro a gente perde. O que não dá é pra viver se diminuindo perante tudo e todos na vida. O que não dá é pra sobrevalorizar tanto as nossas falhas e esquecer todas as coisas legais que a gente faz, a pessoa legal que a gente é.
Ninguém precisa ser o mais lindo do mundo, o mais sexy, o mais magro, o mais alto, o perfeito. Dá para se cobrar menos, sabe? Há muitas coisas na vida além do espelho. Entender isso é o primeiro passo para começar a respeitar suas próprias “imperfeições” e melhorar a forma como você se vê. E, te garanto, ter alta autoestima é bom para você e para todo mundo, afinal, te ajuda a ficar mais feliz. E, como dizem por aí (não sei quem é o autor), gente feliz não enche o saco, não é?
Não é fácil, mas dá para rolar uma ginástica mental. É tipo cantar Naldo, sabe? “Pra ficar maneiro joga a autoestima lá no alto! Alto, em cima, alto, em cima, alto, em cima, em cima, em cima, em cima…”. Opa, a música não é assim? Ah, é quase isso…