você está lendo Bate-papo com Theo James e Shailene Woodley

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Meu coração disparou quando sai do hotel. Senti um friozinho na barriga que me fez, involuntariamente, estalar todos os dedos da mão. Um por um. Olhei a tela do celular umas cinco vezes pra ter certeza de que estava indo na direção certa. O dia estava lindo e a rua movimentada. Não conheço muito a região, mas pelo que entendi o bairro é cheio de empresas e escritórios. Atravessei a rua ao lado de uns rapazes engravatados e fiquei meio sem jeito quando o vento veio e fez minha saia levantar. Bem que me avisaram que no México os caras encaram sem dó. Lá as pessoas se parecem muito, talvez por isso minha pele clarinha e delineador chamavam atenção.

Não precisei de muito esforço pra identificar o hotel onde Theo James e Shailene Woodley estavam. O prédio era enorme e muito luxuoso. Parecia um daqueles hotéis de filme, sabe? Com tapete vermelho, detalhes dourados nos móveis e pessoas uniformizadas andando pra lá e pra cá. Pedi ajuda pra recepcionista e ela prontamente apontou para um jardim enorme e disse, em espanhol, que eu deveria atravessá-lo e logo encontraria os responsáveis pelo evento. Nessa hora senti um pouquinho de orgulho por ter conseguido essa informação sem hesitar. Com o tempo a gente vai perdendo o medo das pessoas e dos novos idiomas.

Logo que me apresentei uma moça disse que eu deveria esperar em uma pequena sala. Lá também estavam outros jornalistas e blogueiros. Todos em silêncio e a maioria olhando o celular. Fiz questão de puxar papo pois queria saber se mais alguém ali falava português e claro, pedir conselhos para a minha primeira “round table” da vida. Instantes depois, quando me dei conta de que era a única brasileira ali, a assessora dos atoares apareceu na porta e começou a chamar alguns nomes.

Pulei da cadeira quando ela disse o nome do blog com um sotaque fofo. Eu e mais três garotas entramos em outra sala e nos posicionamos na mesa. Ninguém sabia onde eles sentariam ao certo, então era uma questão de sorte. Decidimos que a “round table” seguiria a ordem das cadeiras. Assim todo mundo conseguiria fazer a mesma quantidade de perguntas.

Theo entrou na sala sorrindo e Shay veio logo depois com uma garrafinha de água. Eles usavam o mesmo modelo de óculos e vestiam roupas casuais. O que deixava a entrevista ainda mais descontraída. Parecia uma conversa entre amigos, sabe? Isso me deixou tranquila e segura. Gravador na mão e pronto. A entrevistou começou.

Qual personagem você mais gostou de fazer?

SHAI: São personagens muito diferentes. “White Bird in a Blizzard” é único pois é um filme diferente de tudo que já fiz. É um thriller sombrio, se passa nos anos 80, a trilha sonora é muito sexy e sensual. É o filme mais adulto que já fiz, mesmo que meu personagem seja uma adolescente. Ela é muito madura. Eu não diria que foi o filme mais divertido, mas foi a experiência mais diferente que já tive.

Qual foi a parte mais legal e a parte mais assustadora de atuar em uma franquia tão grande como Divergente?

THEO: Com certeza é algo que você tem que pensar antes de aceitar, pois você vai viver esse personagem por alguns anos não apenas nos sets de filmagem mas para a imprensa. É algo que vai fazer parte da sua vida. Você tem que ter certeza que gosta do personagem o suficiente para se comprometer com isso. E você também tem que ter certeza que está tomando decisões espertas fora do filme. Fazer outros personagens diferentes que mostrem outros lados de você para não ficar preso em apenas em um trabalho. Mas é um convite que você sente que deve fazer, sabe que não deve dizer não.

Agora que confirmaram a sequencia de Divergente vocês estão com medo de atuar novamente como Tris e Four?

SHAI: Eu estou animada! Aprendi muito, sabe? Foi o meu primeiro filme de ação e minha primeira grande série. Agora eu sinto que já sei o que esperar para esse tipo de longa então sinto que a experiência será diferente, vou ter tempo para talvez conseguir explorar melhor vários lados da Tris. O segundo livro é mais sombrio, pelo menos na visão da Tris.

THEO: Eu adorei o segundo livro. A história começa de uma maneira muito boa para começar um filme. Nós temos que estar bem preparados para as gravações pois nós dois gravamos outros filmes e precisamos voltar para os personagens e fazer um bom trabalho.

O que vocês acharam da trilha sonora do filme? Vocês adicionariam alguma banda ou música?

SHAILENE: Alt-J é uma banda que eu costumo escutar e o novo álbum deles, nao é tão novo assim, mas é novo para mim. A energia das músicas misturada com a voz sexy. Gosto muito!

THEO: Nós achamos a trilha sonora muito boa, interessante, tem uma mistura muito eclética de pessoas em linha muito distinta o que é ótimo para o CD do filme, já que o cd costuma ser uma coisa importante. Minha cena favorita é a da tirolesa, a música ótima (M83 – I Need You) foi escrita especialmente para o filme.

O que vocês aprenderam juntos gravando o filme?

SHAILENE: Eu aprendi muito durante o filme trabalhando com elementos extras, armas e explosões. Também aprendi equilibrando as emoções das cenas com o esforço físico necessário para fazer com que parecesse real. Aprendi que tudo bem ser um pouco maior em um filme de ação, todos os filmes que fiz antes foram muito menores. Quando começamos a gravar Divergente eu tentei muito fazer com que cada momento fosse agradável.

THEO: Nós aprendemos que precisamos acreditar no diretor mas fazer perguntas sobre a cena, se está real, conversar com os outros atores, perguntar se parece suficientemente bom. As vezes você pode estar inseguro com uma cena mas quando conversar com alguém a pessoa vai te dizer se está bom ou não.

SHAI: Nós aprendemos muito um com o outro, isso foi muito bom. Nós conversamos e discutimos as cenas antes de gravar, foi muito legal que podemos fazer isso…

THEO: … sim, porque as vezes com filmes de ação existem espaços entre as cenas, por exemplo, entre uma explosão e outra, parece um espaço vazio na cena. Nós queríamos ter certeza que conseguiríamos fazer algo real pois é isso que é contar uma história.

Existem muitas cenas e situação no livro que não estão no filme. Qual delas vocês sentiram falta?

SHAI: Eu acho que os roteiristas fizeram um trabalho excelente de adaptação pois não é possível colocar tudo do livro no filme. A única coisa que senti falta foram os personagens de Marlene and Lynn.

THEO: Para adaptara qualquer livro para um filme você tem que perder algo e tem que aceitar que é diferente. Filmes nunca serão um livro. Foram feitos para serem experiências diferentes.

Qual mensagem vocês acham que as pessoas podem tirar de Divergente?

SHAI: O filme é cheio de mensagens, mas acho que a mais importante é encontrar sua identidade. Divergente é sobre descobrir quem você é e o que você faz no mundo. Também em prestar atenção nos seus instintos, acreditar nas suas intenções.

Se vocês tivessem que fazer sua própria passagem do medo, o que teria lá?

SHAI: Provavelmente um submarino ou no espaço. Nunca faria uma dessa coisas.

THEO: Em uma nuvem (risos).

Qual é o seu super herói favorito?

SHAI: Homem aranha! Eu sempre amei o homem aranha, sabia? Deve ser muito legal “voar” entre os prédios, segurar coisas com uma teia, tipo um ônibus!

THEO: É difícil escolher só um, mas Wolverine seria minha escolha.

SHAILENE: Acho até que você parece um pouco com o Wolverine, Theo! (risos)

E um filme favorito? Um filme que você assiste e se sente feliz?

SHAILENE: “Ritmo Quente” sempre me deixa feliz. Deve ser muito legal fazer um filme de dança assim. Você já assistiu, Theo? *Nessa hora ela começou a cantar essa música e todo mundo acompanhou.

THEO: Sim. Todo cara já foi obrigado por uma garota a assistir Ritmo Quente (risos). Mas um filme que me faz feliz, na verdade é um filme triste, Shine (Simplesmente genial) com Geoffrey Rush. É um ótimo filme.

Vocês acham que a nossa sociedade é parecida de alguma forma com a sociedade de Divergente?

THEO: Não. Acho que na realidade seria bem difícil de um sistema de facções funcionar. Mas essa é a ideia por trás da historia. Todo mundo é divergente por natureza. Todo mundo é movido por muitas coisas. O filme reflete como as pessoas se perguntam sobre o futuro, especialmente quando estamos vivendo em um mundo todo estragado onde vai ser cada vez mais difícil de nos sustentar.

SHAI: Eu concordo. Acho que nossa sociedade é obviamente muito diferente e não poderíamos forçar algo do tipo. Mas existe um ponto interessante sobre como colocamos as pessoas em caixas e as rotulamos. Criamos estereótipos e julgamos o tempo todo.

E então, nosso tempo acabou. O que posso dizer? Theo é ainda mais encantador ao vivo. Fofo também. Reparou na minha tatuagem de pássaros no pulso e disse que achou bonitinha. Fingiu que não entendeu as regras da assessoria e topou fazer uma selfie com todo mundo. Shai é uma garota como todas nós e também gosta de tirar o esmalte com a unha mesmo só pra passar o tempo. Sai de lá com a sensação de dever cumprido e louca pra compartilhar tudo com vocês. Feito!