Não adianta o quanto a gente fuja disso. Nem sabendo que o tempo não cura todas as dores da vida. Quando a gente esbarra com um amigo sofrendo, a frase vem na ponta da língua e não volta: com o tempo passa. Seja dor de amor, amizade, desilusão ou a perda de alguém querido. Talvez, no fundo, a gente tenha uma esperança ingênua de que o tempo realmente fará passar. Tudo.
A maioria das minhas amigas que já ouviram isso acharam o cara um completo babaca. Normalmente, é aquela frase batida que serve para acabar qualquer relacionamento. Mas pode acontecer de ser verdade e você acabar tendo que falar isso por aí. O cara pode ser legal, maneiro, carinhoso, bonito, romântico, seu tipo, tudo o que você pediu a Deus. Mas, se você não tá no mesmo timing, não rola. E a culpa não é dele (ou dela). Acontece.
Não, na verdade não é. Cada pessoa é bem diferente da outra e a gente sabe bem disso. Cada um com seus próprios gostos, suas opiniões, manias e cicatrizes. Mas, na hora da raiva, simplificar e criticar a superfície é tão mais fácil. Tudo bem, a gente releva. No fim do namoro, sem pensar direito, está liberado: é-tudo-igual.
Essa é a frase que nós mais falamos para as amigas na hora da fossa. Ele que se deu mal, azar o dele. Para quem escuta, sempre vem aquela sensação de que está perdendo também; afinal, quem consegue se sentir ganhando no meio do sofrimento? E, vamos lá, às vezes, nossos amigos podem não ser tão maravilhosos assim em relacionamentos, como nós costumamos acreditar. Talvez, ele(a), que deu o pé, esteja no lucro ao cair fora mesmo. Mas que dá uma ajudinha para o ego exaltar que o outro vai sofrer mais, isso dá. Não é?
Você não passa no vestibular, não é chamado após uma entrevista de emprego, perde uma oportunidade incrível, acaba um namoro: não-era-pra-ser. Essa frase sempre vai servir como um empurrãozinho para quem está na pior. A gente até tenta evitar, falar meias-verdades, abusar de outros conselhos…mas na hora que vê a pessoa na pior, não dá outra: não era ser. Ok, então, não era (mesmo quando a gente sabe, no fundo, que talvez fosse para ser sim).
E você? Já acabou deixando escapar algum clichê?