você está lendo Aniversário na Times Square e histórias do passado

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Sempre gostei de ficar mais velha. Mudar de série, ganhar o direito de sentar no banco da frente no carro do papai, viajar sozinha pra qualquer lugar, mudar de cidade, mostrar meu RG com orgulho na entrada da balada, escolher meu próprio corte do meu cabelo ou sei lá, pagar minhas próprias contas no fim do mês. Cada uma dessas conquistas fez com que essa coisa de mudar de idade se tornasse incrivelmente interessante. Todo ano fico ansiosa pro dia 18/05 chegar. É como se eu estivesse escrevendo uma história e o dia do meu aniversário fosse o fim e o começo de um novo capítulo. Como nos episódios da sua série preferida, isso significa que nessa data algo sempre muito louco acontece.

Certa vez combinei de encontrar o cara que eu gostava na sorveteria. Eu estava prestes a completar 14 anos. Só eu, minhas duas ou três amigas e ele. Adivinha? O rapaz foi, mas levou uma garota e ficou ali, no lugar que marcamos, dando uns amassos. Ele me ignorou e eu voltei pra casa arrasada. Orgulhosa (sempre!) não deixei minhas amigas perceberem. Assistimos filme de terror até de madrugada e antes de dormir, chorei bem baixinho pra elas não escutarem. Quer saber? Foi ótimo. Ele era um babaca e eu precisei ver isso com meus próprios olhos pra perceber.

Quando fiz 19 anos eu estava meio perdida. Fui morar sozinha num apartamento que ainda não tinha luz e meu ex-namorado havia acabado de provar que era tão otário e imaturo quanto as pessoas diziam que ele era. Passei meu aniversário trabalhando em uma cidade estranha, com pessoas me dando conselhos que eu nunca pedi e tentando entender porque diabos eu não conseguia me encaixar em lugar nenhum.

Em 2014 eu me superei. Fui assaltada e levaram meu computador com todos os arquivos que nunca foram salvos em outro lugar. Isso inclui meu livro que seria entregue no final daquele mês. Foi horrível porque eu reagi, porque eu vi um revólver apontado pra minha cabeça e porque desde então eu comecei a ter medo de sair de casa. São Paulo é o lugar onde realizo meus sonhos, mas naquele dia foi o cenário do meu pior pesadelo. Eu chorei, pensei em desistir e voltar para o interior, mas ao invés disso tive uma ideia que mudou tudo: e se os meus pais morassem aqui?

Parece trágico e triste, mas a verdade é que as melhores coisas que aconteceram no intervalo entre esses aniversários me fizeram perceber o quanto esses momentos difíceis foram importantes e decisivos. Às vezes fico até achando que é um presente do cara lá de cima. Ele meio que mudou as coordenadas da minha vida para mostrar um caminho bem melhor do que eu imaginei que seria. Ou, se você não acreditar nisso, a vida me ensinando do pior jeito, pra eu aprender o quanto antes e errar menos depois.

Toda essa reflexão veio porque eu acabei de receber as fotos que a Martha tirou lá na Times Square. Que dia feliz foi esse último 18/05. Acordei com aquele apertinho no peito, mas logo depois ele se transformou em frio na barriga e eu vivi as melhores 24 horas do ano. Conheci lugares novos ao lado de quem eu amo, tirei muitaaaaa foto, ganhei parabéns de desconhecidos na rua, experimentei comida gostosa, dei gargalhada sobre coisas bestas e quase no final do dia, fui num restaurante onde a garçonete cantava enquanto servia a comida (imagine um episódio de Glee).

Que incrível foi estar ali. Que sorte eu tenho de ter tanta história pra contar. As melhores, as piores, todas são importantes no final das contas. Elas me fazem ser quem eu sou hoje. Uma mulher de 21 anos que vai terminar esse post com vontade de comer cupcake. (Há!)

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O nome do restaurante incrível que você PRECISA conhecer é Ellen’s Stardust Diner.