Me leve para aquele lugar. Você não precisa pegar nenhum mapa, atalho ou abrir o GPS no celular porque já sabe o caminho. Não precisa gastar dinheiro, não, porque a gente sabe que, neste local, não precisaremos de nada. Não teremos atrações como montanhas-russas, rodas-gigantes e carrosséis. Não terá uma tela grande e plana, com um som alto e cadeiras reclináveis. Sem hora marcada para acabar a sessão, sem portões se fechando e sem a conta para pagar ao final da noite.
Não precisa alugar nenhum foguete. Não há necessidade de reservar o melhor lugar na frente da colisão das estrelas ou um buraquinho na Lua com uma esteira pra gente se sentar e ficar bem lá no alto, cantarolando alguma música bonita. Não teremos que subir nos anéis de Saturno e muito menos desviaremos de asteroides (que provavelmente entrariam em nossos caminhos).
Não precisamos fazer a cena no navio. A verdade é que, em plena maré, eu acredito até que enjoaria, sabe? Nunca fui muito de mar. Não precisa comprar as passagens do cruzeiro e me levar para o cais, correndo de mãos dadas. Não precisamos da maresia e nem da areia fofa tocando nossos pés. A conchinha que pegaríamos pelo caminho, podemos deixar por lá. Pode riscar o barquinho e a canoa também.
Guarde a fantasia de príncipe, suspenda a busca pelo castelo mais próximo. Eu sei que você já estava procurando pelas torres, mas, desta vez, nenhuma bandeirinha será levantada. Eu não separei nenhum vestido e não gostaria de passar a noite inteira usando um sapatinho de cristal. Pode ser? Nenhum encanto terá seu fim à meia noite e não precisaremos nos apressar.
Sem essa de casinha na árvore, barraca no camping, entardecer ao topo da montanha ou admirando a vista mais espetacular da cidade. Não há necessidade de roteiros, não tem porque complicar. Sabe o que é? Não precisamos nos programar. Vou pegar o necessário e te encontro no caminho. Temos tudo: você e eu. Precisamos do agora e de nós mesmos. Estamos bem.