Não é de hoje que nosso país está mergulhado em problemas. Você, com certeza, sabe listar uma porção deles. Em conversas com seus pais, familiares ou amigos, você deve ter escutado ou até dito que é ela, a educação, o principal problema e a principal solução. Que é o que mais faz falta. Dizem que ela, se priorizada e valorizada, causaria uma mudança muito transformadora em dezenas de questões sociais.
Pois bem: está cada vez mais evidente que o remédio não é apenas a educação – apesar de que, é claro, entre vários elementos, ela é um dos principais. É por isso que, quando jovens decidem agir e ocupam suas escolas, como muitos do estado de São Paulo estão fazendo para se posicionar e enfrentar a reorganização educacional proposta pelo governo, não dá pra pensar em outra coisa: eles estão levantando exatamente esta bandeira. Querem suas escolas, apenas isso. Lutam pela educação.
Muito se diz de uma geração desligada e dispersa, que começa algo e não termina, conectada em tudo e, ao mesmo tempo, em nada. Mas não é isso que estamos vendo: aqui, temos jovens engajados e cientes de seus direitos, que desde cedo sabem lutar pelo coletivo e estabelecer seus próprios movimentos. E este, que se desenrola em frente aos nossos olhos, é uma das provas mais vivas disso tudo.
Eles pularam o mulo das escolas para continuar estudando nelas, pedindo para que o governo desista deste projeto e estabeleça um diálogo com todos os afetados pela situação: professores, comunidades e alunos. Para que voltem atrás, não forcem a transferência de milhares deles e entendam que alunos não são uma porção de números que podem ser transferidos de um campo a outro assim, do nada.
Infelizmente, a resposta do governo às mobilizações veio em forma de opressão. Triste, surpreendente e até assustadora.
Na grande mídia, ouvimos muito palavras como “confronto”. Segundo o dicionário, confronto é um combate, ação de se opor violentamente ou em que há briga. Quem está partindo para uma violência desmedida? De uma forma rude e agressiva, o governo do estado empurra a força policial para cima de jovens estudantes e a autoriza a usar spray de pimenta, gás lacrimogêneo, balas de borracha e força física. Muita força física.
Se você assistiu a algum vídeo das opressões, sabe bem: é de arrepiar. A sensação é terrível. Ainda assim, continuamos vendo comentários conservadores nas redes sociais, dizendo que isso precisa mesmo ser feito com gente que vandaliza, faz baderna e atrapalha o trânsito (será que essa é mesmo a prioridade? O trânsito?). Não adianta responsabilizar quem não tem esta responsabilidade. Se vemos, hoje, a foto de uma menina manifestante de quinze anos sendo levada por um camburão, o que podemos tirar disso – além do sentimento de revolta – é que esta garota tomou a iniciativa de defender o que pensa. Apenas isso. Para não ser vítima de um corte de verbas, acabou se tornando vítima de uma repressão autoritária.
O que podemos esperar de um ensino baseado em uma reorganização que defende que seus jovens e crianças obedeçam suas ordens sob a mira de uma arma? Sinceramente?
Está feito: a nossa geração não chegou ao mundo para ser passiva diante de injustiças. Não vai acabar por aqui. Jovens que lutam hoje são jovens que lutarão sempre.
É importante que você esteja de olho no que acontece nas ocupações. Leia mais e entenda o que se passa clicando neste link. Neste mapa e nesta lista, você consegue localizar escolas ocupadas e ter dimensão do tamanho do movimento #OcupaEscola. Muitas delas precisam de ajuda e doações. Ah: se você conhecer algum profissional que esteja disposto a dar aulas em alguma destas escolas, acesse este formulário. Além disso, está programado um evento cultural para o próximo fim de semana (6 e 7/12) em SP, o Virada Ocupação. Saiba mais clicando aqui. Se você quiser compartilhar outros links úteis sobre as ocupações, é só deixar um comentário. Vamos ajudar?