Queria te dizer que entendo. Eu sei, a minha reação explosiva fez parecer totalmente o contrário. Mas você podia dar um desconto: não é sempre que as palavras certas surgem na hora adequada. Com o acréscimo do nervosismo, as coisas pioram – e muito. Às vezes penso rosa, mas tudo que sai é laranja. Pode ser bem próximo, mas ainda não é o que eu queria ter dito.
Eu e minha mania de esperar sempre o melhor das pessoas. Eu sei, confundi tudo mais uma vez. A gente nunca vai imaginar que as coisas vão partir para um rumo tão diferente daquele que tínhamos planejado.
Queria te falar que sinto muito. E eu sinto, mesmo. As borboletas que, antes, voavam como loucas por dentro do meu corpo, agora parecem ter sido beijadas pelo gelo. Frias, já congelaram lá dentro e voam lentas, deixando tudo solidificado. É uma pena que as coisas tenham acontecido dessa forma. É uma pena que o gosto dos próximos dias não tenha um sabor tão doce quanto aquele que senti antes. Como te mostrar os tantos planos bonitos que eu tinha para nós? Eu queria te mostrar…
Se o mundo para você era de uma cor, para mim era de outra. Eu enxerguei tudo muito mais bonito e vívido, construindo pontes que jamais seriam levadas pelo mar. Do outro lado, estava você. Como não percebi que todos aqueles castelos eram de areia? Você já sabia que eles estavam sendo erguidos assim? Tão vulneráveis, completamente desprotegidos e frágeis. É claro que caíram.
É por isso que eu quis me expressar, só para tentar amarrar aquilo que não foi amarrado direito. Para provar o valor de tudo que você desvalorizou. Dizer que entendi, falar o quanto sinto e tentar te mostrar o que você perdeu. Mas agora já não tem mais jeito: para mim, foi você que não me entendeu.