Não é por aqui

07 de dezembro de 2015
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Te disseram que era logo após a curva. Avisaram que o caminho seria difícil, mas você insistiu e colocou na sua cabeça que iria até o fim. Tudo ficaria bem e, curiosa, você queria saber onde é que a última rua iria levar. O que viria de lá? Pacientemente, o trajeto foi se desenrolando na sua frente e você seguiu o seu destino de forma quase que obediente. Virou todas as esquinas que achou serem necessárias e por vezes parou brevemente para conferir no GPS se estava tudo certo. Seguia o caminho que alguém tinha indicado – então as coisas pareciam estar bem.

Em alguns momentos, você chegou a pensar que estava perdida, eu sei. Deu voltas e voltas em torno de lugares muito semelhantes, como se estivesse voltando ao ponto de partida. Não foi nada fácil. Via os outros passando ao seu lado e, nossa, eles pareciam estar chegando perto de algo do qual você se distanciava ainda mais. Foi então que reduziu a velocidade para pensar. Se recompôs e abasteceu-se de tudo que necessitava. Gastou uma grana alta. O otimismo não iria te abandonar, certo? Tempo, dinheiro e esforços, tudo aquilo era investimento.

Até que começou a maior chuva. Primeiro ela era mansa, até que aumentou gradativamente, com raios riscando o céu. As gotas tamborilavam grossas no vidro e nem o para-brisas conseguia expulsá-las. O mundo lá fora se tornou o maior breu e você teve que manter a tranquilidade para procurar um lugar seguro, parar e esperar. Só você sabe as coisas que passaram pela sua cabeça entre esses instantes…

Aos poucos, as ideias foram voltando ao lugar e, quando a tempestade passou, o céu se abriu novamente e clareou tudo aquilo que, antes, você não conseguia ver. Agora via. Via muito mais, aliás. Com um choque de realidade, de repente você conseguiu se encontrar. Para onde é que você estava indo? Aquele não era o seu caminho. Bastou algo grande acontecer para que você, enfim, pudesse compreender.

Caindo em si, se deu conta. Aquele não era o seu lugar, não era o seu sentido, não era a sua estrada e nem o seu caminho a trilhar. O lado certo era do outro lado.

Você até pensou em jogar a culpa em quem não tinha responsabilidade alguma pelo seu engano: olha, ninguém te deu as informações erradas. Consegue ver? É só você quem sabe qual é a direção.

Por isso, volte para o início e siga o seu coração. Ainda não inventaram outro sistema de navegação melhor. Agora tudo vai dar certo.