Hoje o dia foi complicado. Nada saiu como planejei e parece que as adversidades insistiram em me procurar. Sabe aquele joguinho antigo, o Pac-Man? Imagine que sou ele e os fantasminhas são os problemas: é como se todos estivessem correndo atrás de mim de uma só vez – e eu não tivesse como fugir. Morri e morri de novo. Ressurgi. E tudo foi acontecendo repetidamente, até o fim do dia chegar.
Ah, que vontade de cair em prantos… O coração ficou apertado e quis gritar para o mundo que, dessa vez, eu não podia aguentar. Não é que eu seja uma manteiga derretida, mas está difícil enfrentar tantas muralhas. Sei que sou forte, mas tem horas que a gente desaba mesmo, entende? Parece que todas as áreas da minha vida combinaram de dar errado e que não vai caber tanta coisa assim dentro de mim.
Aí vem o impulso de largar tudo. Me afundar na cama, assistindo a séries até a minha mente chegar a acreditar que eu vivo dentro de uma delas, como uma nova personagem. Mas eu sei que não tem como. Quando esse episódio acabar, uma hora ou outra terei que abrir a porta do quarto e encarar as lembranças de todas as dificuldades com os estudos, com os amigos, com a minha família e com tudo aquilo que apareceu de última hora.
E então você chega. Toca a campainha e me acalenta, com esse seu jeito calmo e que dispensa um conselho demorado. Me abraça, me beija e, de repente, vejo que estamos sozinhos. Eu nem tinha percebido, mas quando me dou conta, noto que os fantasmas dos problemas foram varridos daqui, mesmo que temporariamente.
Eu sei, quando você for embora, corro o risco de vê-los voltar. Mas parece que você tem o poder de recarregar as minhas energias e me dar todo o suporte para que eu me lembre da força muito grande que existe dentro de mim. Obrigada por me fazer lembrar: mesmo que o labirinto seja grande e a dificuldade aumente, nenhum fantasma vai me alcançar.