Não sou ser humano. Sou ser sonhante. Quando nasci, alguma programação interna veio com a chave ligada em “sonhar bizarramente alto”. Não é piada. Nunca aprendi a querer pouco, a me contentar com o que tenho, a trilhar um caminho seguro e de quedas inofensivas… Não vim assim, não deu pra mim.
Eu não quero o branco, nem o preto, nem o cinza. Eu quero colorir, quero o colorido. Não desejo uma cidade pequena e tranquila. Eu desejo o mundo frenético, gigante, abarrotado de gente, entupido de chances. Eu quero viver voando, sorrindo, olhando, gritando, chorando, amando, criando. Quero viver estampando o passaporte, estampando a minha pele, estampando a vida das pessoas.
Não preciso ser rica. Eles que se matem de trabalhar e que fiquem com o dinheiro. Não me entenda mal: eu vou trabalhar. E muito. Mas, na minha galáxia, nenhum dia será em vão. Não viverei para poupar notas. Viverei pra transformar. O meu ofício tem que fazer bem a alguém e fazer bem a mim. Tem que ser lindo, tem que ser desafiador, tem que me deixar irada de vontade de fazer direito e de fazer melhor.
O amor virá. Épico. Vou dar meu coração pro cara que desejar segurar as minhas mãos para sempre, mas não precisa ser agora. Meu planeta é grande… e não sei quem quero. Preciso esperar, preciso ser maior.
Daqui, do meu quarto, tudo me parece tão possível. A minha marca na história. A minha vida de estrela. O meu universo que nunca para de surpreender. A minha sorte, que me cuida, me guarda e me incendeia.
Mas… Tem vezes que o barulho me faz estremecer. Aquele som forte, dos pés batendo ao chão. Mundo. Realidade. Uma a mais na multidão. E se a frustração vier como um cometa?
Ei, me ajuda: é possível ser feliz quando se tem sonhos que transbordam?