você está lendo Por amores com sabor de fruta inteira
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Reprodução/Making Pictures

Eu quero a sorte de um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida… Você já ouviu essa música do Cazuza? Preciso fazer uma confissão: eu a escutei ou cantarolei várias e várias vezes, sem me apegar muito ao significado. Apenas pensava que queria um amor desse tipo, tranquilo e manso, para aproveitar a vida no embalo da rede. Foi muito depois que parei pra pensar no sentido disso tudo e, ao dar atenção a cada uma das palavras, me veio a pergunta: por que a fruta tem que estar mordida?

Digo isso pensando que a fruta, nesse caso, é o namoro. Um namoro manso, tranquilo, calmo e quieto seria uma fruta já mordida. Já a fruta inteira representa os desafios de uma relação que tem lá as suas dificuldades. Parece loucura? Não é (eu acho). Tal como a fruta, que você morde para ver o que se dará, prefiro o namoro que garante o sabor da surpresa. Uma relação com surpresas.

Geralmente, quando somos perguntados sobre a preferência entre um copo d’água cheio e outro pela metade, a escolha mais óbvia seria a primeira opção. Sendo assim, não seria mais lógico se o sabor dessa paixão fosse de fruta fresca, inteira, desconhecida e (nem sei se isso é possível) diferente a cada mordida?

Se você já embarcou comigo até aqui nesta viagem doida, sei o que vai pensar: quando se dá a primeira mordida, muita coisa pode acontecer. A maçã, por exemplo, pode estar seca. A laranja pode estar azeda e, a melancia, sem gosto. É verdade. Mas a decepção faz parte do aprendizado – e da aventura. Podemos não correr o risco de encarar um possível sabor ruim. Mas… O que seria da vida e dos amores sem a graça do frio na barriga?

Se tudo nos fosse dado de bandeja, as coisas perderiam a cor. E, pra mim, é assim também com relacionamentos. A mágica está em todo o processo, e, me desculpe, mas a turbulência é necessária até para o mais tranquilo dos amores. Preciso passar por cada experiência de corpo e alma, viver por inteiro os momentos – sem me poupar de nada.

Quero o desconhecido. Sou movida por estes instantes em que não sabemos o que está por vir – e colecioná-los junto a quem se ama é algo muito melhor. Ah, os devaneios…