Parece que já faz muito tempo desde a última vez em que você foi dormir e, poucos momentos depois de ter deixado o celular na mesinha de cabeceira, fechou os olhos e, plim, aquela ideia incrível surgiu na sua mente. Parecia até que ela estava subindo lentamente de elevador – opa, ninguém anunciou sua visita – e finalmente, chegou. Parou no andar certo justamente minutos antes de você fechar as portas e dar um fim ao expediente. Como nem sabia que ela viria e, para não perdê-la (quem vai saber se você se lembraria na manhã seguinte?), você prontamente pegou o celular mais uma vez, abriu aquele bloco de notas e escreveu tudo lá.
Estes momentos são quase como pequenas bençãos. Às vezes, você passa um dia inteiro procurando bolar algo novo, tentando espremer como laranja uma nova concepção de mundo e não sai nada, nem o suco, nem o bagaço. A fruta parece seca! Só o que se passa em sua cabeça é o filme de tudo aquilo que já existe. Tudo que já foi feito e repetido milhares e milhares de vezes. Nada de diferente por aqui!
Mas e os momentos milagrosos tipo o que abre este post, como é que surgem? Fechar os olhos, forçar uma noite de sono e esperar pelo elevador das ideias voltar a aparecer não dá tão certo como gostaríamos…
Seria tão fácil se existisse um mapa da criatividade! Que nos levasse, sempre, direto para um caminho certeiro até o novo, o diferente, aquele pensamento fresquinho que nos faz encontrar o desconhecido. Infelizmente isso não existe. Também não há uma receita de bolo para tanto – não tem como juntar duas xícaras, meia colher de chá e uma pitada de alguma coisa qualquer para tirar do forno uma proposta inovadora.
Por outro lado, existe, sim, uma forma de fazer com que a criatividade apareça. Sim, porque ela é bem dona de si e só dá as caras quando quer, entende? Por isso temos que, digamos assim, cativá-la. Reunir, pouco a pouco, um amplo conjunto de vivências para que, curiosa, a sua criatividade reviva, disposta a acrescentar ainda mais à sua vida com todo aquele conhecimento mirabolante que só ela possui.
Leia todos os livros de todos os assuntos.
Visite aqueles sites que não têm nada a ver com você.
Pergunte para cada um de sua família coisas que você nunca havia perguntado.
Assista a aqueles filmes clássicos dos quais você sempre ouviu falar.
Veja, também, todos os outros filmes que nem parecem tão bons assim.
Passe pelos lugares da sua cidade enxergando-os com outros olhos.
Viaje para onde puder e conheça tudo a respeito do que é novo.
Procure pela história das coisas, desde as mais pequenas delas.
Não importa a forma como fará, apenas faça. Tudo é válido e a criatividade estará lá, escondidinha, esperando. Ela pode até não aparecer no ato, mas virá depois, a seu tempo.
É mais ou menos assim que ela trabalha, sabe? Junta peças que não combinam, mistura tudo e faz um mix maluco usando a notícia do elefante somada à nova coleção de berloques, o livro de psicologia com o capítulo da novela, a música pop com a parede pintada.
É um processo natural, que não exige nenhum esforço bizarro. Você pode até tentar procurar alguns exercícios que a estimulem, mas nada a fará vir tão rápido quanto aumentar a sua listinha de experiências, fazer crescer o seu mapa de mundo, expandir os seus horizontes. É justamente isso que ela procura, sabe? É o combustível para a mágica acontecer.
E lá vem a nova solução, a sua criação, a saída de um caminho que parecia bloqueado, a descoberta e a invenção de um projeto. Abram as portas, pois a criatividade vai chegar.