Aquela foto

Lembra daquela foto que você tirou de mim?

Você disse que ela não ficou tão boa. Na hora, eu acabei virando muito rápido e, bom, a imagem realmente tremeu um pouco. O cabelo tampou o meu rosto e a máquina me retratou num ângulo que eu não costumo gostar muito… Mas o meu sorriso cheio e minhas bochechas coradas comprovam: aquela foto significa muita coisa.

Deve ser por causa disso que fico parada olhando pra ela, assim, que nem boba. Lembrando daquele momento em que você insistiu para me fotografar e eu virei, envergonhada. Você tinha dito que o clique foi perfeito, ironizando, e eu peguei a máquina para ver, comprovando com meus próprios olhos o pequeno desastre. Tentar de novo? Jamais!

A verdade é que, naquele momento, eu nem prestei muita atenção na foto. Meu pensamento estava em nós dois, ali, finalmente juntos e interagindo. Desde que te conheci, pensei que as coisas demorariam muito pra acontecer e, você bem sabe, eu não estava errada, não é? Tínhamos trocado poucas palavras até este dia, quando a gente praticamente passou uma tarde inteira ao lado do outro.

Foi neste momento que pude te conhecer melhor. Ainda mais brincalhão do que eu imaginava, mais divertido do que nas outras conversas, melhor do que eu tinha percebido que você já era. Depois você me enviou a foto que tirou e eu fiquei olhando para ela. Quantos sentimentos a gente consegue guardar sem a outra pessoa perceber, nem que seja nos detalhes?

Falam que os olhos são a janela da alma e, nesse caso, consigo ver os meus brilhando. Mas não é todo mundo que sabe interpretar os sinais do coração e eu não sei se você consegue me ler tão bem com essa mesma naturalidade. Talvez você pense que é só vergonha e não veja que está estampado bem na cara o que eu sinto por você. Porque foi justamente naquela hora que percebi… O que eu sentia era paixão.

Estar apaixonada é uma sensação engraçada. Surge uma ansiedade por causa do desconhecido e, ao mesmo tempo, desejamos com todas as forças que a outra pessoa retribua e reconheça o que está acontecendo.

Eu não faço ideia do que virá, não sei por quanto tempo continuarei assim e também não tenho como saber se você vai me ver com a mesma afeição com que olho pra você.

Mas também não vou grudar os meus olhos na janela para ver se você aparecerá, assim como nos filmes, do nada, ou me lamentar caso você não venha. A próxima foto quem tirará sou eu, porque, afinal, chega de fazer a tímida que espera apenas por suas reações, certo? Vou mostrar quem sou de verdade. Vai que acontece de você notar em mim a mesma graça que eu noto em você? Quem sabe na próxima foto não saímos nós dois, juntos?