Quando a nostalgia bate, é até meio engraçado.
Você está ouvindo rádio esperando alguém ou alguma coisa, com o som em segundo plano enquanto se distrai com aquele joguinho novo que baixou no smartphone. É quando começa a tocar uma música de três ou quatro anos atrás e toda a sua atenção é voltada para aquilo. Que sentimento estranho. Você nunca foi a maior fã dessa banda. Nunca achou essa música a mais legal do mundo. Os momentos em que você a escutou também não foram tão marcantes assim.
Mas ela segue para o refrão e seus olhos caçam uma parte qualquer da parede branca. Ali, olhando para o nada, depois de tanto tempo sem ouvir aquilo, você se lembra daquela pessoa que era fã deste mesmo cantor e desta mesma melodia. Lembra dos dias que passou ao lado deste alguém com quem, agora, você nem tem mais contato. Como é que uma simples melodia pode guardar tantas memórias que estavam tão, tão esquecidas?
E, olha só, pra você, elas nem tinham tanta importância assim. Involuntariamente você ri sozinha, lembrando de cada momento, dos piores aos melhores dias e das coisas pelas quais já passaram juntos. Na época, por mais divertido que fosse, não parecia uma algo tão grandioso. Mas só agora você consegue analisar as aventuras que já vivenciou.
Você procura o nome dele ou dela no Facebook, só pra checar como é que as coisas estão, porque, afinal, ninguém é de ferro, certo? Aí vê quanto os caminhos foram para lugares completamente diferentes: a pessoa pegou a via contrária à sua e seguiu para um sentido que vocês jamais imaginariam que ela seguiria. Das coisas boas, bate saudade. Das ruins, você nem quer mais se lembrar. Ah, não faz a mínima diferença agora! Tudo virou uma massa de cores que ficou para trás. Será que ela tem esses momentos de breves lapsos de recordação também? Seria até bom conversar de novo sobre tudo aquilo com alguém, mas… bom, deixa quieto!
E então você decide passear por sua própria timeline e vê um pouquinho dos recortes de sua vida, relembrando o que fez durante os últimos anos, dando uma nova olhada em todas aquelas fotos e publicações com pessoas que eram tão presentes no seu dia a dia, em suas conversas e em suas saídas de sábado à noite. Parece que você consegue reviver os momentos de novo, ali, no presente, muito longe de cada um deles.
É impressionante como qualquer coisa pode puxar o fio da memória e trazer uma lasquinha de emoção: uma imagem, um aroma, um objeto ou mesmo uma música. Ah, e aquela música que estava tocando?
Agora ela já acabou.