Tem quem fale que a dor é o sofrimento natural proveniente do amor, como as ervas daninhas que insistem em nascer ali no meio da grama verdinha depois da chuva de verão. É para eles que eu digo: não é, não. Por que banalizamos isso? Por que achamos tão comum, como se fosse uma característica obrigatória do sentimento em questão?
Todo mundo já quebrou a cara pelo menos uma vez e, com isso, aprendeu que este é o grande ônus de amar. Certo, relacionamentos vêm e vão e, términos, por exemplo, são momentos em que a tristeza se torna um tanto inevitável. Mas será que a gente não acaba sofrendo muito mais porque sabemos que é a hora de sofrer?
Digo, e se fôssemos cada um para um lado, restabelecendo uma nova rotina, procurando por outras pessoas e, embora sabendo que sentiríamos o pesar da falta um do outro, conseguíssemos superar essa fase com muito mais naturalidade? Eu sei, você conhece pessoas que são capazes de tal proeza. Mas nem todas. Algumas ficam, sentam, choram e se acabam naquele pote gigante de sorvete assistindo a séries. Tipo eu. Hehe.
Todas as vezes que sofri por amor, esse tipo de dor entrou para a lista dos piores sentimentos que já senti. É tão carregado, tão difícil… ainda mais na adolescência: parecia que o meu mundo sempre estava prestes a ruir. Nada mais importava.
É a dor do amor não correspondido, a dor de ver aquele cara de quem eu gostava com a garota da outra sala, de perceber que a pessoa que você sempre curtiu é, na verdade, um tremendo babaca, de ficar sabendo que ele fez alguma coisa sem necessidade pelas suas costas, a dor das brigas e discussões sem fim num relacionamento que parece estar fadado ao ponto final ou a tristeza de ter que se mudar para longe da pessoa que você tanto ama… São tantos os motivos para a sofrência, né?
Na verdade, como em qualquer outra coisa na vida, se a gente for listar motivos para a chateção sobre algo relacionado a amizades, família, problemas pessoais e dificuldades de autoestima, por exemplo, a lista também seria extensa. O que acontece é que, pense, quando é por amor, a gente se permite exagerar. A dor não vem e passa, muito pelo contrário, quando toca aquela música triste do Ed Sheeran na playlist aleatória do Spotify, as lágrimas já começam a cair novamente.
E lá vamos nós mais uma vez…
Até quando?
Se eu juntasse todo o tempo que perdi derramando lágrimas ao som de músicas tristes por conta de amores não correspondidos, mal vividos, cruéis e outros tipos de desamores, poderia muito bem gastá-lo aproveitando de uma melhor forma. Sim, tudo que acontece com a gente vira aprendizado, mas, por mais que eu tenha muito o que aprender na vida, uma pergunta resta:
Será que dá para controlar esta dor? Entender que doeu, mas se estipular um período para o pesar e, depois, toda vez que a mente fizer questão de lembrar daquilo, afastar o pensamento como quem espanta um mosquito chato.
Se eu descobrir que é possível, volto aqui para te contar. Fechado?