Quantas vezes você já esvaziou a gaveta e fez as malas pra viver algo novo? Em dias de grandes mudanças é que a gente se dá conta de quanta coisa ainda mantém sem nem perceber. No coração, no mural de cortiça da parede, na timeline das redes sociais, na vida. Enquanto empacotava minhas bugigangas pra casa nova comecei a lembrar de todas as fases que vivi nos últimos quatro anos fora de casa. Do quanto não tinha a menor ideia do que estava fazendo quando cheguei aqui e das versões de mim mesma que foram nascendo entre uma descoberta e outra. Das grandes amizades que viraram pó e dos desconhecidos que aparentemente vieram pra ficar. Odeio como personagens legais morrem ou simplesmente desaparecem nas séries da Shonda Rhimes, mas aí vai uma triste verdade sobre ser um adulto: na vida real às vezes também é assim.
A parte boa de quebrar a cara e seguir nosso próprio caminho é que as escolhas que fazemos podem nos levar a lugares surpreendentes e esse é um dos motivos que me faz não acreditar nem um pouquinho em coincidências. Não foi acaso que me trouxe aqui, foram minhas pequenas peculiaridades que eu não deixei que morressem ao longo do tempo quando apontaram pra mim.
Por anos da minha vida ser diferente das outras pessoas foi uma merda, mas depois de adulta essa coisa de não ser igual a todo mundo até que me caiu bem. Você meio que se acostuma, sabe? E vai aprendendo a valorizar o que te diferencia dos outros e a se impor quando realmente precisa. O grande momento em que você se dá conta de que nem todo mundo precisa gostar de você. Simples assim! Sobra mais tempo pra você se preocupar com quem realmente se importa ou o que você sonha.
A principal lição que tiro de todas essas aventuras e desventuras que vivi até hoje é que no fim das contas não são coisas que nos fazem crescer. Não é ter um carro foda ou emprego dos sonhos. São as pessoas que conhecemos ao longo do caminho e o quanto de nós mesmos as deixamos explorar. São os cacos que se espalham no chão e se juntam formando algo completamente novo e único. Somos exatamente assim: um monte de detalhes que ninguém percebe. Um monte de histórias que nunca ninguém ouviu por completo.
Só a gente.
Só.