Sentiu o ventinho gelado que veio da janela? Dá até pra fechá-la um pouco, não há mais tanta necessidade de mantê-la escancarada como antes. Já está rolando até aquela malha fininha no final da tarde, a botinha junto com o vestido… O clima mudou, novamente. Por enquanto ainda está no início, mas, logo, logo ele vai esfriar ainda mais.
Certo, de tarde pode ser que esquente e, talvez, em alguns dias, até aconteça de nos flagrarmos reclamando da nova estação, relembrando os mesmos moldes da última, mas, afinal, são exceções. Aquele clima denso parece que nos abandonou de vez.
Sabe o que também já foi embora?
Todas as promessas que você fez para si mesma no final do ano passado e que, sem mudar nada em seu comportamento (ou em seus costumes e seu jeito de ser), ficaram perdidas entre janeiro e fevereiro. A ideia esteve lá e, no calor do ápice do verão, parecia que ainda havia muito para ver, aproveitar, ouvir e fazer – inclusive aquilo tudo que habitava apenas a sua cabeça. É, ficou por isso mesmo. Nada chegou a cruzar nem a linha que liga a porta à janela.
As tais promessas congelaram. Estacionaram totalmente e permaneceram ali, esquecidas. O tempo passou e você, num solavanco após um março exatamente igual aos meses que o precederam, se surpreendeu ao ver que já estamos indo para o quarto mês do ano.
O quarto. E são só doze! Faltam oito, e oito são quatro mais quatro. Ou seja, se você passasse mais quatro outros meses da mesma forma, e depois outros quatro, com tudo manso, de um jeito cômodo e fácil, no modo easy, teríamos então um ano perdido? Ah, não!
Com a proximidade de abril, ai, que frio na barriga... você percebeu que teria que se mexer. É, não tem jeito. É bem parecido com o serviço de casa: lavar toda a louça com água gelada não é tão bom assim, as mãos ficam frias e os dedos doem. Mas acumular copos e panelas, ou, bem, qualquer outro tipo pendência, também não vai render nada de bom.
Março não trouxe a revolução – mas o próximo mês, este sim, há de trazê-la. Não dá mais para continuar deste jeito. Abril virá com toda a atitude que faltava, para fazer de 2016 um ano especial para você. Confie.
Você vai largar os vícios e as manias que não te fazem bem.
Você vai seguir aquele caminho que teme, mas sabe que é necessário.
Você vai dar o pontapé inicial naquilo que calçará os seus sonhos no futuro.
Você vai dar mais valor a quem ama e a quem te ama, também.
Você vai parar de protelar o que precisa ser feito.
Você vai ajudar como pode quem precisa da sua ajuda.
Você vai ter empatia por todas aquelas pessoas que são diferentes de você.
Você vai lutar pelas causas nas quais acredita e procurará saber das causas do outro.
Você vai se importar mais pela situação do mundo em que vive.
Você vai transformar o seu modo de olhar para as coisas.
Você vai ser mais você.
Ah, você vai!
Todo mundo conhece o outono por ser uma estação de transição. E será exatamente dessa forma, também, o seu efeito sobre a sua vida. Você levantará e caminhará em busca daquilo que crê ser o certo para você, mesmo que o caminho seja longo e não tão simples quanto gostaríamos. E depois, lá na frente, quem sabe você não junta todas as forças necessárias para passar por um inverno frio e, logo em seguida, colha os frutos maduros na próxima primavera?
Por agora, aja.
Pra depois, guarde esta previsão: seu ano ainda vai florescer.