Está vendo ali? Quer dizer, esquece. Na realidade, não dá para ver mais nada, mesmo.
Não tem nada porque passou, já faz muito tempo, aquela época em que eu me incomodava com a opinião dos outros sobre a minha aparência (ou como eu deveria ser ou agir). Sim, eu não ligo.
Na verdade, não sei dizer ao certo, mas não entendo muito bem porque algum dia já me importei com este tipo de coisa. É tão simples! A gente tem que se olhar no espelho e gostar do que vê. Pronto, ponto final e fim de papo. Mas não era bem assim que acontecia…
Hoje, eu consigo ver de uma forma mais nítida algo que, para mim, é muito claro. Eu me permito (ou me moldo) de acordo com o que quero e acho bom. E estas percepções são exclusivamente minhas, ninguém me influenciou.
Sabe, essa parte é importante. Porque, antes, eu também não entendia que muitos dos meus desejos não eram meus. O meu cabelo não estava ruim porque eu não gostava dele, mas as referências que eu tive me levaram a vê-lo como algo longe do “ideal”. Uma opinião própria, só que vinda exclusivamente de fora. De pessoas que eu conhecia e também de gente que eu nunca conheci. Um bando de pessoas me dizendo como eu tinha que ser.
A sorte é que o mundo gira e uma hora a gente acorda. Eu acordei. Tirei aquele sapato cheio de laços que sufocava os meus pés e me permiti sentir o chão com a pele.
Desci, aos poucos, e caminhei por aquela trilha que antes eu achava que não daria para enfrentar descalça. Me permiti e, assim, me conheci. Vi o quão forte eu sou e o lado maravilhoso de ser assim. Se quiser percorrer tudo isso com os pés descalços, eu irei.
Finalmente aprendi a importância do que eu acho de mim mesma. Ela é enorme e, finalmente, existe e brilha mais do que tudo.