Esperei tanto para ver se as coisas, enfim, se ajeitavam…
Durante todo este tempo, sim, eu acredito que fiz o melhor que pude. Não fiquei parada. Não esperei as coisas caírem do céu. Me esforcei, me espelhei nos melhores exemplos que tinha, procurei mudar minhas atitudes… mas, mesmo assim, parece que nem tudo se encaixou – como a minha esperança, lá no fundo, acreditava que se encaixaria. Estava faltando um toque final, um motivo para o meu riso abrir solto e tranquilo, sem ligar para mais nada neste mundo.
Agora me surpreendo ao ver que, sim, ainda falta.
E por quê? Por um breve instante, de cabeça quente, a minha vontade é falar: “Sei lá! Cansei, viu? Chega disso tudo, não é culpa minha.” Mas, ora, se não é minha, de quem mais é?
Não posso ser tola e começar a culpar tudo ao meu redor. Só eu sei das minhas batalhas, logo, não dá para colocar uma venda nos olhos e deixar que o fluxo me leve adiante. Se fizer isso, quando eu finalmente retirar a tal venda, verei que não estou onde gostaria de estar.
Por mais que aqui dentro exista o fogo da mudança, a atitude, a força de vontade e muitas boas energias, todas focadas para que tudo dê certo, acho que algo me escapou:
Ainda falta coragem.
Não aquele tipo de coragem que nos liberta e nos ajuda a pular do precipício sem nos preocuparmos com o que virá depois, nem aquela que faz com que alguns assistam aos piores filmes de terror, sozinhos e com as luzes apagadas. Continuo com estes temores. Prefiro não saltar. Prefiro o abajur ligado e a companhia das mãos apertadas nos momentos em que o grave toca e o susto chega.
O que falta mesmo é aquela coragem que nos permite encher o peito e encarar o mundo.
Encarar o fracasso, encarar a ferida, encarar o gosto do remédio e a recuperação. Olhar bem na cara dos primeiros passos (e lá vamos nós novamente!) e do velho caminho e tentar fazer tudo diferente.
Quero aceitar com tranquilidade o fato de que aqui estou mais uma vez – e não há mal nenhum nisso tudo. Preciso entender que não dá para esperar a ajuda de todos o tempo inteiro e que tudo tem o seu lado bom e o seu lado ruim. Afinal, as coisas podem, sim, dar errado. E eu posso e devo lidar com isso.
Encarar, encarar e encarar.
Mesmo que, na minha frente, não exista uma visão tão bonita, a coragem me dará confiança e determinação. Vai ter força. Vai ter valentia.
Com mais um mês começando agora, é só isso que espero conseguir e, com todas as forças que coloco nestas palavras, sei que dará certo. Porque meus olhos estarão cravados no futuro e, o meu peito, ficará aberto, cheio de coragem, ousando viver tudo aquilo que antes não vivi.