Achei uma fita antiga e tive vontade de colocá-la para tocar. Infelizmente, não tinha nenhum rádio com o equipamento necessário para fazê-la funcionar. Por isso, resolvi procurar melhor: será que eu já não tinha visto um toca-fitas lá na casa da minha avó? Ou será que o rádio antigo, aquele que está perdido há anos aqui em casa, não aparece e resolve me ajudar?
Procurei bastante, perdendo um tempo considerável indo pra lá e pra cá. Até mandei mensagem para a minha mãe, que prontamente respondeu: “Tocador de fita cassete? Não temos mais isso em casa, não!” Mas eu teimava que em algum lugar haveria de estar. Não estava.
A resposta para a minha busca se reduziu a um grande nada e o pior rolou quando, depois de muito procurar, sentei para examinar a fita mais de perto e notei: ela já estava completamente estragada.
Eu nunca iria ouvir o conteúdo dali. Queria muito, queria tanto, mas não tinha mais jeito. E o tempo que eu gastei procurando um lugar para reproduzi-la, quando ela nem estava em um estado bom para isso?
Frustração dobrada.
Quer saber por que resolvi falar sobre a fita? Não, a ideia não é fazer uma campanha de conservação de fitas nem nada do tipo, mas é que, não posso negar, surgiu na minha mente uma comparação muito honesta disso tudo.
Porque muitas coisas na nossa vida são perfeitamente iguais à fita quebrada.
Sabe quando a gente quer muito acertar? Uma ideia (ou até mesmo um sentimento) surge em nossa cabeça ou em nosso coração e fazemos de tudo para aquilo dar certo. Mesmo que existam inúmeras provas de que não dará, somos persistentes, certo? Não desistimos – e essa atitude, ora, é louvável.
Mas, depois de um tempo, algumas coisas ficam cansativas. A gente senta em um cantinho qualquer e começamos a pensar em outras saídas quando, na verdade, não temos mais para onde fugir. Até que começamos a mentir para nós mesmos.
Porque é menos triste tentar olhar para frente e dar o próximo passo do que olhar para baixo e perceber que o que se tem, na realidade, não é o necessário para continuar na mesma direção.
Eu sei. Queremos muito ver dando certo. A vontade é grande. E parece tão injusto quando dá errado…
Mas simplesmente acontece. Pode ser pela lógica, pode ser pelo acaso. Vai ver era o destino. No caso da fita, não haveria o que ser feito para que você simplesmente se lembrasse dela lá, quando toda a sua vida estava focada em outras coisas, da mesma forma que também não podemos deixar a alegria ir embora por conta de um momento frustrante.
Se não dá para consertar, não dá. E a lição que fica é somente essa. É mais fácil aprender e lidar com isso tranquilamente da próxima vez. Certo?
Porque, caso contrário, a gente vai continuar criando um monte de expectativas para, no fim, ver que a fita estava estragada.