É difícil definir.
Qual é o nome disso? Ao mesmo tempo em que queria poder usar alguma palavra que já existe, a cabeça começa a procurar por novas combinações de letras e sentidos que formem um significado diferente de tudo aquilo que a gente já conhece. Porque nada é igual.
É a curva inesperada depois de tantos caminhos retos. Simplesmente o diferente. Não sei exatamente o que é. Assim, a gente vai deixando acontecer e, quando notarmos, seremos mais importantes um para o outro do que havíamos percebido inicialmente.
Eu sei que agora tenho a você e também tenho certeza de que você sabe que pode contar comigo. Mas não é de uma forma meramente amigável. Vai bem além.
Temos as nossas aventuras de sempre, nossa companhia e nossas histórias se cruzando o tempo todo, como se formássemos uma dupla pensada meticulosamente em alguma história de livro. Nada explica, mas a gente se completa desse jeito, pois todas as nossas características parecem ter um motivo especial para estarem ali.
Juntas, se entrelaçam.
Com esta simples definição, ouvidos desatentos poderiam falar em amizade. Mas não, é bem mais do que isso. Não é só a amizade que nos faz ansiar por ouvir a voz um do outro e nos colarmos como se fôssemos o ímã e o metal. Só que não pode ser este tipo de elo que nos liga, porque percebemos que é algo mais.
Mas o que é?
Uma definição de “ficamos de vez em quando” também seria muito menor do que aquilo que temos. Pessoas que ficam de vez em quando não têm conversas tão longas e com tantos sentimentos em jogo. Pessoas que ficam de vez em quando estão habituadas ao “de vez em quando”. A gente fala bastante de futuro. A gente confidencia um ou outro “para sempre”.
Ainda não é um namoro, pelo menos tal como os tradicionais, assumido, mas também não quero que seja. Entre nós já se criou uma atmosfera meio mágica, de uma relação que se baseia nas coisas mais bonitas. Não precisa evoluir disso para algo que, afinal, já é, mas consegue ser ainda mais.
O que temos é algo que transcende. É mais do que qualquer coisa que a gente conhece e mais forte, mais intenso, tanto para mim quanto para você. E por mais que seja parecido com um nada, uma vez que não tem nome, é tanto, mas tanto, que acaba sendo um mundo.
Um planetinha enorme e lindo, que existe mesmo que não tenha uma certidão de nascimento com um algum tipo de nome registrado em cartório.
E a gente ri, porque mesmo sabendo disso tudo, é verdade: somos como dois potinhos numa prateleira qualquer do supermercado, só que ainda sem rótulo. Mas é só pensar em tudo o que nos envolve e na complexidade da nossa relação, tão linda assim do jeitinho que é, que me lembro: não precisamos de etiqueta.
Precisamos um do outro.
E isso é tudo o que importa.