Aquele evento está se aproximando lentamente e você sente como se estivesse na beira da praia, só aguardando a onda que vai chegar. Os poucos milésimos de segundo que antecedem a marola são os dias de ansiedade que te afligem.
E a tranquilidade vai embora quando você não consegue deixar de lado aquele pensamento incessante: a hora está para chegar.
Você sabe que terá que fazer algo, afinal, estão esperando que você faça.
Você aguarda pelo resultado de alguma coisa.
Você teme por aquilo que tem um desfecho indefinido.
Você fica incerta quanto ao destino de seus próximos passos.
E você se preocupa. Por quê?
Nem dá para responder, não é? É tão involuntário quanto respirar. Porque a verdade é que não há razão para pensar tanto sobre isso, já que é só se mexer e fazer o que tem que ser feito.
Mas a sua cabeça brinca com seus sentimentos e nada consegue prender a sua atenção sem ser algo próximo ao assunto que se alojou por aí. E quando acaba aquele episódio de série, quando você se deita para dormir, quando qualquer momento livre se apropria do seu tempo, a preocupação volta.
Seria bom se inventassem um interruptor que pudesse controlar a nossa ansiedade. Quando desligado, nunca te atrapalharia, não interromperia o seu sono nem atribularia a sua rotina. O problema é que, mesmo que você finja que este tal acessório exista, verá que não é tão fácil na prática.
Mas isso é porque você ainda precisa se convencer. Comprar a ideia totalmente e não da boca pra fora. Porque cada minuto se preocupando à toa te fará pensar sobre todo este tempo perdido lá na frente, quando o evento já tiver passado – e você sabe disso.
A verdade é que há um jeito de mandar tudo isso que te incomoda pra fora. Você pode, sim, abrir todas as portas e janelas para que os pensamentos estranhos saiam. Você pode pedir licença e dizer que quer ficar sozinha. Basta acreditar que eles podem ir e fazer isso acontecer de uma vez por todas.
Você tem que acreditar. Sabe que eles não são pensamentos amigos e só irão te causar problemas, deixando a respiração mais rápida e o coração inquieto. Então olhe de frente para todos eles. Perceba a inutilidade presente em cada um. Afinal, por quê estão aqui?
É ridículo e óbvio. A casa é sua e quem manda nela é só você. Se eles te atrapalham, encare-os e afaste-os de uma vez por todas: você não é obrigada a conviver com aquilo que te faz mal. O desassossego não precisa dividir o quarto com você, a ansiedade não tem que te esperar na cozinha, a agonia não deve possuir um espaço ao seu lado no sofá da sala.
Lembre-se disso quando eles invadirem a casa vazia.
Basta perceber que são meros intrusos e que você tem o poder de selecionar tudo o que irá viver ao seu lado: seja antes, agora ou no futuro.